A bastonária da Ordem dos Farmacêuticos (OF) afirmou que as autoridades de saúde portuguesas falam de forma irresponsável nas potenciais vacinas para a covid-19, valorizando-as sem haver qualquer estratégia para a sua aplicação.
Estas declarações foram emitidas por Ana Paula Martins, durante a sua intervenção na Convenção Nacional da Saúde.
A bastonária explicou que “o processo [de descoberta e aplicação de uma vacina] é tão complexo que é completamente leviano fazer considerações sobre a distribuição da vacina sem saber exatamente quais as primeiras que vão chegar ao mercado, quais as condições de refrigeração para as manter e quais os grupos primários a vacinar”.
Por isso, considera que é “irresponsável usar a vacina como meio de apontar o caminho”, quando “as várias vacinas, com as suas características, vão exigir uma estratégia nacional que vai levar tempo”.
Segundo Ana Paula Martins, as vacinas “não são uma solução milagrosa da pandemia, apesar de serem um importante desenvolvimento”.
A bastonária defendeu que se devem efetuar testes mais alargados à população como uma das medidas eficazes para controlar a pandemia e a utilização de medicamentos como formas de profilaxia e prevenção.
Para isso, defende a criação de uma comissão de peritos que inclua “profissionais de saúde, a indústria farmacêutica, a Direção-Geral da Saúde, o Ministério da Saúde, virologistas e outros clínicos”, indicando que Portugal é “um dos poucos países da Europa” a não ter ainda uma comissão dessas.
A bastonária concluiu afirmando que as medidas de restrições implementadas, como recolheres obrigatórios e estados de emergência, não estão a conseguir o “achatamento da curva” epidémica e a redução do número de novos casos diários, defendendo que é preciso procurar alternativas e ouvir “vozes discordantes e contraditórias”.