O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Helder Mota Filipe, defendeu esta terça-feira, dia 29 de março, que os profissionais que trabalham no circuito do medicamento tudo farão para garantir o acesso aos mesmos, mas sublinhou que há a necessidade de compensar o aumento dos custos em transportes e matérias-primas.
Em declarações à agência Lusa, o bastonário referiu que o aumento dos custos com transportes, assim como eventuais dificuldades em adquirir matérias-primas têm de ser pensadas.
“Vamos ter transportes mais caros, provavelmente dificuldade nalgumas matérias-primas e nalguns produtos finais e é preciso garantir que o circuito da distribuição tem condições para fortalecer os stocks para garantir o acesso”, explicou.
Segundo o bastonário, não se consegue “ter um circuito do medicamento robusto se a parte da qual é responsável o setor da distribuição não tiver as condições indispensáveis adequadas para poder exercer a sua função”, sublinhando a necessidade de “revisitar fórmulas de pagamento dos distribuidores” para tornar o setor sustentável.
Helder Mota Filipe reforçou que é importante que o poder político “mostre abertura para revisitar este assunto”.
“Tem de se traduzir numa fórmula mais racional que reflita todos estes esforços adicionais que a área da distribuição tem tido”, insistiu, acrescentando que “é preciso que se criem condições para que estes profissionais possam garantir a sua parte. Vivemos tempos complicados, onde a garantia do acesso vai ter um conjunto de condições que necessitam de muita atenção”.
O bastonário destacou ainda o papel da logística farmacêutica na reserva estratégica de medicamentos.
“Na reserva estratégica de medicamentos, alguns produtos são só para usar em catástrofe, como os antídotos para situação guerra química e biológica, que devem ficar armazenados para ser usados se for necessário. Mas há um grande conjunto de medicamentos usados em situação de catástrofe que são medicamentos utilizados todos os dias (…). Não faz sentido ter essas enormes quantidades de medicamentos fechadas num armazém à espera de perder o prazo de validade”, explicou, acrescentando que “essa reserva está no circuito da distribuição, aumentando o stock para garantir, mas estando sempre em circulação, não perdendo a validade”.
“Isso só se consegue fazer com um setor da distribuição farmacêutica que responda adequadamente e que seja robusto o suficiente para garantir esta reserva”, concluiu.
Falou ainda do apoio à Ucrânia, sublinhando a disponibilidade da distribuição e o apoio na entrega de uma grande quantidade de medicamentos de uso hospitalar para situações aguda e disse que estava a ser montado um processo para que as pessoas possam doar os medicamentos prioritários nas farmácias, sem que eles saiam do circuito.
“O processo está montado e os atores à espera que haja da parte das autoridades a identificação da lista dos medicamentos necessários”, acrescentou.