Bastonário da OF critica venda de medicamentos em hipermercados 16 de Julho de 2015 O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos (OF), Carlos Maurício Barbosa, criticou ontem a venda de medicamentos nos hipermercados, considerando que a medida do governo falhou nos objetivos de serem mais baratos e de maior facilidade no acesso.
«Dez anos volvidos, os custos dos medicamentos aumentaram fortemente – enquanto os outros sujeitos a receita médica reduziram – num preço que é imposto pelo Estado […]. E, no que diz respeito à acessibilidade, o que vemos são grupos económicos como a Sonae, que tem mais de 50% deste mercado», acusou.
Falando à margem de uma audiência que manteve com o secretário Regional da Saúde da Madeira, o bastonário argumentou que «o Pingo Doce, o grupo Auchan [Jumbo] e El Corte Inglês» são outros dos que vendem medicamentos não sujeitos a receita, estando situados nos centros das grandes cidades, o que, no seu entender, limita o acesso, quando se tem em conta outros centros urbanos, divulgou a “Lusa”.
«Não veio dar em nada esta medida de reduzir preços e aumentar a acessibilidade e, portanto, devia ser revista», criticou, considerando-a «falhada».
O lote de medicamentos não sujeitos a receita médica disponíveis à venda em locais fora das farmácias que, no entender do bastonário «é o mesmo que dizer grandes hipermercados», está a ser controlado por grupos económicos.
Recordou que, aquando da adoção da medida pelo executivo, esta pretendia aumentar a acessibilidade dos portugueses aos medicamentos, assim como promover um custo mais baixo dos medicamentos, algo que considera não estar a acontecer.
«Considero que esses medicamentos devem ser adquiridos nas farmácias, pois penso que esse é que é o local certo para serem disponibilizados medicamentos à população e não noutros locais», afirma.
Carlos Maurício Barbosa lembrou, aliás, que tem aumentado nas farmácias, o volume de medicamentos não sujeitos a receita médica, mas de dispensa exclusiva nestes estabelecimentos, e não necessariamente a venda destes medicamentos.
«Não exigem receita mas, pelo seu perfil de segurança e de necessidade de acompanhamento por um profissional, não são disponibilizados nos supermercados e têm aumentado em número», afirmou.
O bastonário disse ainda que outros países têm modelos parecidos ao português.
De visita à região, recordou que os genéricos foram introduzidos na Madeira «de forma pioneira», pois foi o local do país onde se aplicou, pela primeira vez, o diploma que obriga à prescrição pela denominação comum internacional. |