Bastonário da OM afirma que faltam camas hospitalares no SNS 620

Bastonário da OM afirma que faltam camas hospitalares no SNS

31 de outubro de 2014

O bastonário da Ordem dos Médicos (OM), José Manuel Silva, afirmou ontem, em Coimbra, que faltam camas hospitalares no Serviço Nacional de Saúde (SNS), cuja média é inferior à da OCDE, «realidade que tem sido escondida dos portugueses», de acordo com a “Lusa”.

O SNS «não é despesista, nem tem excesso de camas, pelo contrário, como agora se provou com o exemplo do IPO do Porto», exemplificou o bastonário José Manuel Silva, que falava aos jornalistas à margem de uma intervenção nas comemorações do Dia da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC).

«É absolutamente inadmissível que estejam a ser adiadas cirurgias oncológicas por falta de camas hospitalares», sustentou.

Mas «ouvimos o Ministério da Saúde a falar em encerrar mais camas hospitalares», criticou José Manuel Silva, considerando que já foram encerradas camas hospitalares «em excesso».

Portugal «já tem um número de camas hospitalares muito abaixo da média dos países da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico]», assegurou o bastonário da OM, advertindo que «esta é uma realidade que tem sido escondida dos portugueses».

«Não temos camas hospitalares a mais, nem temos por onde encerrar mais camas, bem pelo contrário», sintetizou.

«Não posso aceitar que se discuta a sustentabilidade do SNS, que sendo o melhor do mundo é, naturalmente sustentável por si», defendeu, considerando que «o problema do SNS está no país».

O SNS é de «qualidade excecional e de custo baixo», salientou José Manuel Silva.

O problema do SNS resulta do «insuficiente financiamento por um país», que «está falido, sob protetorado e sem perspetivas de poder sair desta situação», sustentou o bastonário da OM, defendendo a «renegociação da dívida» portuguesa.

O problema de Portugal reside essencialmente no «modelo de governação», considerou o bastonário, advogando um modelo em que «o Governo seja mais escrutinado pela sociedade» e que permita a «eleição dos melhores para a Assembleia da República».

Sobre a proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2015, o bastonário da OM sustentou que o setor da saúde «não pode abdicar de mais nada», advertindo que «a falta de qualidade em saúde é não só prejudicial aos doentes», mas também «muito cara» para o país.

«O SNS está a perder qualidade» e «não há espaço para mais cortes», alertou José Manuel Silva, durante a sua intervenção no Dia da FMUC, ontem, em Coimbra, durante a qual apelou aos médicos e aos estudantes de medicina a intervirem mais na vida política e económica do país, que «está a condicionar» o SNS.

«Os médicos têm de ser cada vez mais interventivos na vida político-económica do país porque é ela que está a condicionar o SNS», defendeu, exortando também os jovens a participarem na vida política e a contribuírem para que o país seja dirigido por pessoas «mais qualificadas».

O desafio lançado aos atuais e futuros médicos vai no sentido de que compreendam que «a economia, a política e a organização social do país são fatores que influenciam a saúde», que «condicionam» a prática da medicina, explicitou, à margem da conferência, em declarações aos jornalistas, José Manuel Silva.

Bastonário apela aos médicos para intervirem na política em defesa do SNS

O bastonário da Ordem dos Médicos (OM) apelou ontem aos clínicos e estudantes de medicina para intervirem mais na vida política e económica do país, que considerou estar a condicionar o Serviço Nacional de Saúde (SNS), noticiou a “Lusa”.

«Os médicos têm de ser cada vez mais interventivos na vida político-económica do país porque é ela que está a condicionar o SNS», defendeu ontem, em Coimbra, o bastonário José Manuel Silva, no início da conferência que proferiu no âmbito do Dia da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC).

A terminar a sua intervenção, subordinada ao tema “O futuro da medicina em Portugal – a sustentabilidade do SNS num país insustentável”, José Manuel Silva, que falava essencialmente para professores e alunos da FMUC, exortou os jovens a, também eles, participarem na vida política e a contribuírem para que o país seja dirigido por pessoas «mais qualificadas».

O desafio lançado aos atuais e futuros médicos vai no sentido de que compreendam que «a economia, a política e a organização social do país são fatores que influenciam a saúde», que «condicionam» a prática da medicina, explicitou, à margem da conferência, em declarações aos jornalistas, José Manuel Silva.

Idêntico foi o apelo feito por Adriano Moreira, outro dos oradores das comemorações do Dia da FMUC deste ano.

Adriano Moreira, que falou sobre «A quarta dimensão das universidades», sustentou que é «um direito e um dever» dos jovens – «particularmente daqueles que, pelo menos teoricamente, têm mais acesso à formação e à cultura», como os estudantes universitários – intervirem na vida política do país.

Por seu lado, José Manuel Silva considerou que Portugal «tem um grande défice de cidadania», sublinhando que os políticos reconhecem.

Mas, «quando ela é exercida, há muitos políticos que a receiam, porque efetivamente a intervenção da sociedade pode modular as decisões das políticas dos governantes», defendeu.

O país está «perante uma situação insustentável» e «não há, de facto, alternativa a, de alguma forma, reestruturar a dívida», disse o bastonário dos médicos, defendendo que «a sociedade portuguesa deve ser mais exigente perante a governação política do país, no sentido de exigir modificações que são absolutamente essenciais».

«O atual modelo de governação transforma a democracia numa partidocracia», na qual a «sociedade civil tem muita dificuldade em intervir» e fazer «ouvir a sua voz», afirmou o bastonário, frisando que se as pessoas se tornarem «menos passivas» compreenderão que «têm capacidade de influenciar as decisões e de impor um modelo de governação» diferente.