Bastonário: Distribuição Farmacêutica pode ser nova especialidade 750

O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Helder Mota Filipe, afirmou recentemente, no II Congresso Nacional da Distribuição Farmacêutica, que esta mesma área poderá ser a próxima área de especialização dos farmacêuticos, pelas exigências e especificidades da mesma, mas também pelo serviço prestado a toda a comunidade.

O responsável destacou o “serviço público” que tem vindo a ser feito e que tem permitido “aliviar a capacidade de armazenamento e a gestão de stocks nas farmácias, sem comprometer a resposta atempada a todos, garantindo várias entregas diárias às farmácias e, assim, aos portugueses”.

Helder Mota Filipe, segundo nota no site da OF, destacou também o papel da distribuição para “minimizar o efeito de falhas de abastecimento e ruturas de medicamentos, de causas diversas”. Neste contexto, reiterou a necessidade de discutir a “criação e manutenção da reserva estratégica de medicamentos”, que, na sua opinião, “não pode dispensar a participação dos distribuidores farmacêuticos”.

“A grande maioria dos medicamentos que importa incluir nessa reserva são utilizados todos os dias, pelo que não faz sentido provisionar quantidades enormes que ficam fechadas em armazéns à espera de perder o prazo de validade”, explicou.

Tal como o fizeram o presidente da Adifa e o ministro da Saúde, a intervenção de abertura do bastonário debruçou-se também sobre o conjunto de novos serviços farmacêuticos em vigor e em implementação num regime de complementaridade e colaboração com o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Deu assim como exemplo a campanha de vacinação sazonal contra a gripe e a covid-19, que integra este ano, pela primeira vez, as farmácias e o contributo dos farmacêuticos comunitários para o aumento da cobertura vacinal. Mencionou também os novos serviços de renovação da terapêutica a doentes crónicos e a regulamentação do serviço de dispensa de medicamentos hospitalares em proximidade.

“Olhamos com esperança para o ano de 2024, não só com a consolidação destes serviços, mas também com o lançamento dos serviços farmacêuticos para situações clínicas ligeiras, de acordo com os protocolos a estabelecer entre as Ordens dos Farmacêuticos e dos Médicos”, disse o bastonário, a propósito da proposta de Orçamento de Estado para 2024, conhecida na véspera.

Helder Mota Filipe lembrou que o número de farmacêuticos a exercer nesta área da distribuição tem vindo a aumentar significativamente, “constituindo hoje a quarta maior área profissional”. Estes profissionais assumem funções de “cada vez maior complexidade e responsabilidade, na direção técnica, na gestão da qualidade, na área regulamentar, nas operações e em diversas outras áreas e departamentos das empresas de distribuição.

“A legislação europeia exige também que os profissionais demonstrem competência e experiência, assim como o domínio das boas práticas da distribuição, reconhecendo a formação em Ciências Farmacêuticas como preferencial”, disse ainda o bastonário.

O representante dos farmacêuticos revelou também o trabalho em curso com o Grupo Profissional de Distribuição Farmacêutica (GPDF-OF) para qualificação e diferenciação dos farmacêuticos que exercem nesta área. “No circuito do medicamento, esta é a única área que não tem um Colégio de Especialidade”, sublinhou o bastonário.

“Estou certo de que a diferenciação formal em distribuição farmacêutica, através da especialidade, será uma mais-valia, reconhecida nacional e internacionalmente, como já hoje acontece com outras especialidades farmacêuticas”, defendeu.