Bastonário garante médico de família para todos os portugueses dentro de três anos 23 de setembro de 2014 O bastonário da Ordem dos Médicos avançou hoje que dentro de três anos, no máximo, todos os portugueses vão ter médico de família, sublinhando a necessidade de implementação de medidas temporárias para resolver o problema no imediato. Em declarações à agência “Lusa”, José Manuel Silva, avançou que estão a entrar «mais de 400 jovens por ano na especialidade de medicina geral e familiar», o que fará com que «dentro de três anos, provavelmente, no máximo, todos os cidadãos portugueses terão médicos de família». Uma comissão de peritos em saúde concluiu que Portugal tem cuidados primários pouco desenvolvidos, uma utilização exagerada dos serviços hospitalares de emergência e trauma e menor capacidade em cuidados de longa duração. Segundo o relatório “Um Futuro para a Saúde – todos temos um papel a desempenhar”, elaborado por peritos nacionais e internacionais, em resposta ao convite da Plataforma Gulbenkian para um Sistema de Saúde Sustentável para construir uma nova visão do Sistema Nacional de Saúde (SNS), «o envelhecimento da população e o aumento das patologias crónicas de longa duração exigem que novos serviços sejam criados». No entanto, o bastonário disse à “Lusa” que esta análise não está correta, considerando que os cuidados de saúde primários no país «estão desenvolvidos», sublinhando que, neste momento, «não existem médicos de família para todos os cidadãos portugueses e isso tem consequências no número de adultos que ocorre às urgências hospitalares». José Manuel Silva adiantou que a Ordem dos Médicos tem vindo a alertar os responsáveis para a resolução do problema da falta dos médicos de família, insistindo em que sejam contratados as «centenas de médicos de família que se reformaram antecipadamente nos últimos anos por força da crise económica do país». «Esses médicos podem ser recuperados para o sistema, porque neste momento temos médicos de família suficientes para dar um a todos os cidadãos portugueses. Das zonas mais carenciadas, nem sequer são as zonas mais desfavorecidas do país, como é a região da grande Lisboa, é uma questão do Ministério da Saúde querer contratar esses médicos, e o problema é que não quer», sublinhou. Ordem dos Médicos alerta para auditoria às limpezas hospitalares A Ordem dos Médicos alertou hoje para a necessidade de uma auditoria à forma como é feita a limpeza nos hospitais, para que a problemática das infeções não seja reduzida à lavagem de mãos e ao uso de antibióticos. «Reduz-se a grave problemática das infeções hospitalares apenas à lavagem das mãos e ao uso de antibióticos, mas é muito mais que isso. Que seja do nosso conhecimento, nunca houve uma auditoria à forma como é feita a limpeza dos hospitais e às distâncias entre camas, entre doentes. Não havendo uma análise global não será possível ter êxito nessa cruzada», frisou José Manuel Silva, em declarações à agência “Lusa”. Para o bastonário da Ordem dos Médicos, todas as medidas que forem tomadas no combate às causas múltiplas da diabetes e das infeções hospitalares «irão reduzir a despesa do Serviço Nacional de Saúde e melhorar a qualidade de vida das pessoas» são medidas «bem-vindas», mas sublinhou a necessidade de existir um «plano integrado» nesse sentido. «Quando se reduz a prática de exercício físico no [ensino] secundário está-se a tomar uma medida contrária àquela que devia ser tomada. É preciso que o discurso dos governantes seja igual à prática», frisou. José Manuel Silva reagia assim, em declarações à “Lusa”, depois de Nigel Crisp, antigo responsável pelo serviço de saúde inglês, alertar para uma aposta em medidas como a redução das infeções hospitalares e da diabetes para melhorar a vida das pessoas e também a saúde financeira do setor em Portugal. Numa conversa informal com os jornalistas, Nigel Crisp disse não acreditar na possibilidade do orçamento para a saúde ser reforçado, mas defendeu a ideia de ir buscar mais financiamento na prevenção de doenças e respetiva despesa. A este propósito, deu o exemplo das infeções hospitalares que, segundo dados oficiais, representam uma despesa de 280 milhões de euros por ano. Se esse valor for reduzido, além da saúde dos portugueses, serão as finanças da saúde a melhorar, pois esse valor poderá ser encaminhado para outras áreas, disse. Para José Manuel Silva, é necessário modelar o comportamento da população, além de instituir uma verdadeira educação para a saúde, que podia passar, na sua opinião, por uma «política fiscal» sobre todo o tipo de alimentos que se sabe serem prejudiciais à saúde, como os refrigerantes e as batatas fritas. |