Bastonário OF: Moçambique está a fazer «um caminho de progresso» na saúde 02 de outubro de 2014 Moçambique está a fazer «um caminho de progresso» na área da saúde, avaliou ontem o bastonário dos farmacêuticos portugueses, que está no país para assinar um protocolo com uma universidade e inaugurar um centro do medicamento. Moçambique tem feito, «indiscutivelmente», um «caminho de progresso e desenvolvimento» na saúde, disse o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Carlos Maurício Barbosa, em declarações à “Lusa”, a partir de Maputo. Persistem problemas, por exemplo uma tendência para a automedicação – escapando assim às longas filas de acesso aos serviço de saúde – e uma utilização não racional dos medicamentos, reconheceu. «Se nós, em Portugal, temos problemas desse género, naturalmente em Moçambique temos problemas muito maiores. Até porque o sistema de saúde em Moçambique não está tão preenchido quanto deveria», comparou, propondo «uma repovoação de técnicos de saúde, entre os quais farmacêuticos». Porém, «há um caminho a ser percorrido», observou o bastonário, recordando que, em 1997, «havia apenas sete farmacêuticos» no país africano. Foi nesse ano que Carlos Maurício Barbosa ajudou a criar o primeiro curso de Farmácia em Moçambique e, na altura, o único em todos os PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa). «Apoiámos a constituição de uma profissão que era inexistente em 1997», lembrou, adiantando que esse primeiro curso é ontem «autossuficiente». Na sexta-feira, será inaugurada outra licenciatura em Farmácia, desta feita na Universidade Lúrio (UniLúrio), em Nampula, no Norte do país, com a qual a Ordem dos Farmacêuticos portuguesa vai assinar um protocolo de cooperação. O objetivo é «colaborar na coordenação desse curso, no apoio às questões técnicas, científicas e pedagógicas e também no apoio à docência, através de professores das faculdades de Farmácia portuguesas, que a Ordem motivará para colaborar neste novo projeto», adiantou o bastonário. Simultaneamente, no mesmo dia, será inaugurado um centro de informação sobre medicamentos, que «estará disponível para todo o país», a partir de Nampula. Os profissionais de saúde – médicos, enfermeiros, farmacêuticos – passarão a poder aceder a «todas as informações sobre os diferentes medicamentos que usam», o que se reveste «de capital importância», destacou Carlos Maurício Barbosa. «É vital para o bom uso, para o uso racional, para o uso responsável do medicamento», concretizou. Em Moçambique desde terça-feira, o bastonário português visitou o Hospital Central de Maputo, o Departamento Farmacêutico (agência reguladora, congénere do INFARMED em Portugal), a fábrica de medicamentos, que produz soros e antirretrovirais, e a central de medicamentos e artigos médicos (central de compras do Estado, responsável pela distribuição pelo país). A Ordem – que tem, desde 2010, um protocolo com o Ministério da Saúde moçambicano para formação, treino e estágio em Portugal, que já recebeu «uns 30 quadros» – vai, em breve, começar a formar na área da logística. «Moçambique tem uma extensão territorial enorme, é muito importante que os medicamentos cheguem aos locais no tempo necessário e com a qualidade devida», justificou o bastonário. No domingo, Carlos Maurício Barbosa vai encontrar-se com o ministro da Saúde moçambicano em Pemba, província de Cabo Delgado, onde Alexandre Manguele se encontra em campanha eleitoral para as eleições de 15 de outubro. |