BE alerta que carência de 40 médicos no Hospital da Feira põe em risco doente crítico
26 de Agosto de 2014
O Bloco de Esquerda (BE) alertou ontem para a «gravíssima» falta de 40 médicos em 14 especialidades do Hospital S. Sebastião, na Feira, o que afeta sobretudo as valência do circuito do doente crítico, que fica assim «comprometido».
Em comunicado, a coordenação distrital de Aveiro do partido atribui a informação à Ordem dos Médicos, segundo a qual há falta de 40 desses profissionais em 14 especialidades do hospital.
«A Ordem dos Médicos fez uma comparação simples entre o quadro de médicos previstos para este hospital e o pessoal realmente existente», explicou o BE. «Concluiu que, entre aquilo que deveria ser o quadro médico e aquilo que realmente existe, faltam 40 médicos».
A situação será ainda «mais preocupante» considerando que a carência desses clínicos se faz sentir «de forma mais evidente nas Urgências, na Unidade de Cuidados Intensivos e na Unidade de Cuidados Intermédios, ou seja, naquelas unidades onde os doentes inspiram mais cuidados e onde os médicos estão sujeitos a maior pressão».
Por esse motivo, o BE realçou que «a presidente da Federação Nacional dos Médicos diz que o circuito do doente crítico está comprometido» e provoca uma «situação gravíssima».
«Coloca em causa a vida de doentes urgentes e em estado crítico, que, por falta de médicos, podem ficar sem receber a ajuda e o tratamento de que necessitam», justificou.
Ainda de acordo com o comunicado do BE, nos Cuidados Intensivos deveriam estar ao serviço «sete médicos e estão apenas três», enquanto na Unidade de Cuidados Intermédios deveriam trabalhar «sete e estão apenas dois». No caso das Urgências, «existem internos a assegurar o serviço sem supervisão, o que é frontalmente contrário ao regulamento» do hospital.
O comunicado do partido alertou também para a carência de enfermeiros no mesmo hospital, recordando que ainda recentemente «a diretora da Unidade de Cuidados Intermédios apresentou a sua demissão numa carta muito crítica à administração do Centro Hospitalar e à falta de pessoal médico nas Urgências, Unidade de Cuidados Intermédios e Unidade de Cuidados Intensivos Polivalentes».
Segundo o BE, de todas essas carências resulta que «existem doentes a serem reencaminhados diariamente para o Hospital de Gaia porque o S. Sebastião não tem recursos humanos nem materiais para acudir a algumas situações, nomeadamente de cirurgia».
Contactada pela “Lusa”, a administração do Hospital S. Sebastião ignorou o pedido de informação sobre o assunto.
O líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, questionou o Ministério da Saúde sobre a «crónica falta de pessoal» do Hospital S. Sebastião e as suas «falhas evidentes na resposta aos doentes».