BE alerta que carência de 40 médicos no Hospital da Feira põe em risco doente crítico 542

BE alerta que carência de 40 médicos no Hospital da Feira põe em risco doente crítico

26 de Agosto de 2014

O Bloco de Esquerda (BE) alertou ontem para a «gravíssima» falta de 40 médicos em 14 especialidades do Hospital S. Sebastião, na Feira, o que afeta sobretudo as valência do circuito do doente crítico, que fica assim «comprometido».

Em comunicado, a coordenação distrital de Aveiro do partido atribui a informação à Ordem dos Médicos, segundo a qual há falta de 40 desses profissionais em 14 especialidades do hospital.

«A Ordem dos Médicos fez uma comparação simples entre o quadro de médicos previstos para este hospital e o pessoal realmente existente», explicou o BE. «Concluiu que, entre aquilo que deveria ser o quadro médico e aquilo que realmente existe, faltam 40 médicos».

A situação será ainda «mais preocupante» considerando que a carência desses clínicos se faz sentir «de forma mais evidente nas Urgências, na Unidade de Cuidados Intensivos e na Unidade de Cuidados Intermédios, ou seja, naquelas unidades onde os doentes inspiram mais cuidados e onde os médicos estão sujeitos a maior pressão».

Por esse motivo, o BE realçou que «a presidente da Federação Nacional dos Médicos diz que o circuito do doente crítico está comprometido» e provoca uma «situação gravíssima».

«Coloca em causa a vida de doentes urgentes e em estado crítico, que, por falta de médicos, podem ficar sem receber a ajuda e o tratamento de que necessitam», justificou.

Ainda de acordo com o comunicado do BE, nos Cuidados Intensivos deveriam estar ao serviço «sete médicos e estão apenas três», enquanto na Unidade de Cuidados Intermédios deveriam trabalhar «sete e estão apenas dois». No caso das Urgências, «existem internos a assegurar o serviço sem supervisão, o que é frontalmente contrário ao regulamento» do hospital.

O comunicado do partido alertou também para a carência de enfermeiros no mesmo hospital, recordando que ainda recentemente «a diretora da Unidade de Cuidados Intermédios apresentou a sua demissão numa carta muito crítica à administração do Centro Hospitalar e à falta de pessoal médico nas Urgências, Unidade de Cuidados Intermédios e Unidade de Cuidados Intensivos Polivalentes».

Segundo o BE, de todas essas carências resulta que «existem doentes a serem reencaminhados diariamente para o Hospital de Gaia porque o S. Sebastião não tem recursos humanos nem materiais para acudir a algumas situações, nomeadamente de cirurgia».

Contactada pela “Lusa”, a administração do Hospital S. Sebastião ignorou o pedido de informação sobre o assunto.

O líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, questionou o Ministério da Saúde sobre a «crónica falta de pessoal» do Hospital S. Sebastião e as suas «falhas evidentes na resposta aos doentes».