Biogen Idec: Aprovado primeiro tratamento para disfunções da marcha em doentes com esclerose múltipla 560

Biogen Idec: Aprovado primeiro tratamento para disfunções da marcha em doentes com esclerose múltipla

02 de outubro de 2014

O INFARMED acaba de autorizar a utilização de Fampyra (fampridina, comprimidos de libertação prolongada), o primeiro tratamento destinado a combater as disfunções da marcha em doentes com esclerose múltipla (EM).

De acordo com uma nota, trata-se do primeiro fármaco que demonstrou ser eficaz em pessoas com todos os tipos de EM, tanto na forma surto-remissão, como nas formas secundária progressiva, primária progressiva e progressiva recidivante.

Segundo um estudo publicado em 2011, cerca de 93% dos doentes com EM reportam problemas de mobilidade nos primeiros 10 anos do diagnóstico. Atualmente verifica-se um aumento do absentismo laboral, e consequentemente diminuição dos rendimentos, nos doentes que apresentam problemas da marcha, sendo que estes problemas são também responsáveis por uma diminuição da qualidade de vida dos doentes e cuidadores.

O Fampyra aumenta a função neurológica através da melhoria da condução dos impulsos nervosos através dos neurónios desmielinizados. Em ensaios clínicos, os doentes que responderam ao Fampyra apresentaram uma melhoria significativa na velocidade da marcha superior a 25% e ficou demonstrado que Fampyra traz melhorias significativas na qualidade de vida dos doentes. O Fampyra pode ser usado em monoterapia ou conjuntamente com outras terapêuticas para a EM, incluindo medicamentos imunomoduladores.

Para Ana Martins da Silva, especialista do Serviço de Neurologia do Centro Hospitalar do Porto – Hospital de Santo António, «o Fampyra representa um avanço importante no tratamento de um dos sintomas mais frequentes e incapacitantes para os doentes com EM. É um fármaco que melhora a marcha e a qualidade de vida destes doentes, independentemente do curso da doença ou da sua duração. Trata-se de um fármaco com algumas características, como sejam a facilidade de administração (2 comprimidos por dia), rápida e simples avaliação da resposta ao tratamento (em 15 dias na maioria dos doentes) e perfil de segurança bem conhecido. Considero estes fatores importantes para uma adequada utilização na prática clínica, assegurando a acessibilidade do fármaco aos doentes com EM e perturbação da marcha, os quais podem vir beneficiar deste novo medicamento».

«Por fim, realço que a combinação de fármacos adequados, como o Fampyra, e programas de fisioterapia individualizados e regulares, são indispensáveis para a melhoria da marcha e consequentemente da incapacidade dos doentes com EM», acrescentou.

Fátima Paiva, presidente da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla explica que «este é um medicamento cuja comparticipação aguardamos com bastante expectativa desde 2011, pois sabemos que é a única solução disponível para alguns portadores, especialmente para os casos de EM secundária progressiva e para todos aqueles que vêm a sua mobilidade afetada, representando a possibilidade de recuperar alguma qualidade de vida».