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Brexit: Incerteza sobre nova sede para a Agência Europeia dos Medicamentos

27 de janeiro de 2017

A vitória do Brexit, a saída do Reino Unido da UE, mergulhou os 890 funcionários da Agência Europeia dos Medicamentos (EMA, sigla em inglês), com sede em Londres, «na incerteza», disse o diretor Guido Rasi.

«A primeira mudança depois do referendo foi o humor das pessoas. Primeiro, uma tristeza generalizada e depois a tomada de consciência de que iam provavelmente acontecer profundas alterações», explicou o professor de microbiologia italiano, na chefia da EMA desde novembro de 2011.

Desde que foi criada em 1995, a agência aprovou 1.100 medicamentos, incluindo 82 em 2016, entre os quais 17 contra o cancro, 14 contra infeções e nove para doenças cardiovasculares.

A agência trabalha como «uma cadeia de produção» sofisticada com um total de «três mil peritos que devem intervir exatamente no momento certo» para a certificação dos novos medicamentos, que deve ser feita no prazo de 201 dias, disse à agência noticiosa “France Presse” (AFP), citada pela “Lusa”.

Farmacêuticos, farmacologistas, biólogos, médicos ou bioquímicos estão encarregados de avaliar cientificamente os pedidos de autorização de comercialização de novos medicamentos na UE e garantir que todos os fármacos disponíveis no mercado europeu são seguros e eficazes.

Depois do referendo, em julho passado, saíram oito funcionários que desempenhavam “funções-chave” na agência, lamentou Guido Rasi, apesar de explicar que estas saídas decorreram ainda nos 5% dos movimentos anuais habituais para a EMA.

«Estamos a tentar avaliar o número máximo de peritos que podemos perder. O limiar crítico seria de 20%», considerou.

À exceção de Malta e do Luxemburgo, todas as nacionalidades da UE estão representadas na agência. Os franceses formam o maior contingente, com 112 elementos.

Os britânicos, 59 pessoas, «são os que estão mais preocupados», uma vez que o seu destino «faz parte das negociações» do Brexit, afirmou.

Qualquer agência europeia deve também estar instalada em solo da UE, o que torna inevitável a saída do Reino Unido, mas o destino da EMA continua a ser desconhecido.

«Tanto quanto sei, a escolha vai caber ao Conselho Europeu, portanto aos primeiros-ministros, que vão decidir também o momento da mudança», disse, sublinhando «não ter qualquer certeza» sobre quando acontecerá.

Várias cidades manifestaram já interesse em receber a EMA, como Lyon, Lille, Milão, Granada ou Barcelona.

«De momento, a nossa opção preferida era saber agora ou o mais depressa possível e ter tempo suficiente para fazer uma mudança sem perturbar a agência», sublinhou o responsável, esperando que «seja tido em conta aquilo que é essencial para funcionar».

«O meu maior medo é ser confrontado com uma decisão tardia, pouco tempo para fazer a mudança, para uma cidade sem acessibilidades satisfatórias e onde o ambiente não seja compatível com a vida dos funcionários», resumiu.

Guido Rasi lamentou a perda de um «sentimento de universalidade», até aqui presente entre os funcionários da agência.