Cabo Verde e Portugal alargam cooperação no domínio da Saúde
30 de julho de 2014
Cabo Verde e Portugal vão alargar a cooperação bilateral na área da saúde, com destaque para a formação técnica, compras centralizadas, telemedicina, diálise peritoneal e controlo de doenças, afirmaram ontem os ministros da Saúde dos dois países.
Cristina Fontes Lima e Paulo Macedo falavam aos jornalistas após um encontro com o primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, afirmando que os dois países vão continuar a partilhar experiências que podem trazer benefícios mútuos.
«O nosso objetivo é ter outra ambição e outras áreas de cooperação, encerrando outras que Cabo Verde fica com capacidade e pode dar respostas, pois domina quer a parte técnica quer a parte de formação para os seus funcionários», realçou Paulo Macedo, indicando que os doentes cabo-verdianos poderão passar a fazer transplante de medula óssea em Portugal.
Para o ministro português, a área da saúde é uma das que tem tido uma «evolução mais significativa» em Cabo Verde, com destaque para a telemedicina, hemodiálise e serviço de neonatologia, que, segundo ele, estão a um «nível elevado» de cuidados diferenciados.
Apesar da evolução, Paulo Macedo garantiu que Portugal vai continuar a apoiar Cabo Verde, embora haja algumas áreas em que o país poderá «caminhar com os seus próprios pés».
Por seu turno, a ministra cabo-verdiana, Cristina Fontes Lima, reafirmou a importância e o contributo que Portugal tem dado ao país no domínio da saúde, não obstante ao momento de crise e de contenção de despesas por parte do Governo português.
Sobre as novas áreas de cooperação, a também ministra Adjunta do primeiro-ministro, que não prestou declarações à imprensa, disse que há outros «projetos interessantes», sobretudo na área de oncologia e tratamento do cancro do colo do útero.
«Estamos a ter uma nova fase na cooperação na área da Saúde com Portugal, com outro patamar, mas haverá sempre a possibilidade de continuarmos a colaborar porque agora temos meios mais complexos e sofisticados de diagnóstico», sustentou, considerando que o país está a atravessar um «bom momento» na área da saúde, coroado com a visita do ministro da Saúde português.
Paulo Macedo encontra-se em Cabo Verde para uma visita de dois dias, em que o ponto alto foi a inauguração ontem do primeiro centro de hemodiálise do país, projeto orçado em 1,28 milhões de euros e fruto de uma parceria entre a cooperação portuguesa e as autoridades cabo-verdianas.
Hoje, último dia da visita, o ministro da Saúde vai à região sanitária de Santiago Norte, onde visitará estruturas de saúde nos concelhos de Santa Catarina e Tarrafal, onde também visitará o campo de concentração.
Paulo Macedo regressa a Lisboa quarta-feira à noite.
PM de Cabo Verde destaca «contributo intangível» de Portugal na área da Saúde
O primeiro-ministro cabo-verdiano destacou ontem o «contributo intangível» e o esforço financeiro de Portugal na área da saúde, apesar de todas as dificuldades, entendendo que é algo a que todos os cabo-verdianos devem dar devida dimensão.
José Maria Neves, que discursava durante a inauguração do primeiro centro de hemodiálise de Cabo Verde, ato que contou com a presença do ministro da Saúde português, Paulo Macedo, afirmou que Portugal esteve sempre na linha da frente para uma «forte cooperação» com Cabo Verde em outras áreas como Segurança Social e Educação.
«No domínio da Educação e da Saúde, o nível de cooperação que temos com Portugal não pode ser mensurado do ponto de vista financeiro. É algo de materialmente intangível e que temos de dar a devida dimensão», sustentou o chefe do Governo cabo-verdiano.
Quanto ao centro de hemodiálise, José Maria Neves disse que é uma «obra de afeto» e uma das maiores inaugurações feitas em Cabo Verde, dado à sua dimensão humana e a possibilidade dos cabo-verdianos fazerem o tratamento de insuficiência renal no país.
«É um ganho incomensurável. Estamos a humanizar os nossos serviços de saúde e a introduzir novas especialidades médicas», prosseguiu o chefe do Executivo, que não escondeu a sua satisfação pela inauguração do centro e por todos os ganhos do país no domínio da saúde.
Por sua vez, o ministro da Saúde de Portugal afirmou que a cooperação com Cabo Verde no domínio da Saúde é uma das que «dá mais satisfação» a Portugal, com um trabalho ininterrupto e com concretizações concretas, como é o caso do centro de diálise.
«Para além de históricas, as relações entre Portugal e Cabo Verde são de afetos e quando conseguimos combinar o afeto com realizações, com utilidades e ganhos concretos ficamos todos mais satisfeitos», expressou Paulo Macedo, citado pela “Lusa”.
O centro, orçado em 1,28 milhões de euros, é fruto de uma parceria entre a cooperação portuguesa e as autoridades cabo-verdianas e, durante os próximos cinco anos, deverá receber os cerca de 170 doentes cabo-verdianos que fazem tratamento em Portugal, ao abrigo de um acordo de cooperação específico entre os dois países.
A infraestrutura ocupa uma área de 1.400 metros quadrados, distribuídos por três pisos, tem uma capacidade para atender 35 doentes e dispõe de 20 monitores de diálise, área que é responsável por cerca de 40% das evacuações de Cabo Verde para Portugal.
Segundo a ministra da Saúde cabo-verdiana, Cristina Fontes Lima, a partir de agosto Cabo Verde vai deixar «definitivamente» de enviar doentes para Portugal e em cinco anos passará a ser «completamente autónomo», tratando os seus doentes renais.
Até lá, e ainda ao abrigo do protocolo de cooperação assinado em 2008 entre os dois ministérios da Saúde, e com o centro de hemodiálise a funcionar no Hospital Agostinho Neto, na Cidade da Praia, Portugal apoiará Cabo Verde com uma verba anual de 875 mil euros, para 35 doentes.