Cabo Verde pretende baixar nível de taxa de álcool no sangue de 0,8 para 0,5 por cento 10 de Agosto de 2016 O Governo de Cabo Verde vai baixar o nível da taxa de álcool no sangue dos condutores de 0,8% para 0,5%, avançou ontem a diretora da Saúde, indicando que a medida tem como objetivo reduzir o uso abusivo do álcool. A proposta consta do Plano Estratégico Multissectorial de combate ao uso abusivo do álcool e foi avançada hoje pela diretora Nacional da Saúde, Maria da Luz Lima, à margem da reunião alargada do Ministério da Saúde e da Inclusão Social, que decorreu na Cidade Velha. «Temos a proposta da legislação de baixar o nível da taxa do álcool no sangue nos automobilistas de 0,8 para 0,5 por cento por cada litro de sangue», sustentou a médica, citada pela “Lusa”, adiantando que outro dos objetivos é prevenir o acesso das crianças e dos jovens ao álcool. Maria da Luz Lima explicou que o plano tem várias orientações estratégicas, nomeadamente a parte de informação, comunicação, educação para saúde, tratamento e a legislação. A diretora Nacional da Saúde indicou que o objetivo do plano não é fazer com que as pessoas não consumam álcool, mas que, «pelo menos, evitem o uso abusivo e reduzam as consequências». Maria da Luz Lima adiantou que já foi criada a comissão para a implementação do plano, que vai ter apoio, entre outros, de uma campanha nacional lançada em julho pela Presidência da República, de prevenção do consumo abusivo de álcool. Sob o lema “Menos álcool, mais vida”, a campanha mobiliza mais de 60 entidades, entre departamentos estatais e do governo, autarquias, organizações não-governamentais, associações, universidades, escolas, entidades desportivas, sindicatos e congregações religiosas. Dados divulgados durante a apresentação da campanha dão conta de que em 2010, os cabo-verdianos consumiam em média per capita 6,9 litros de álcool puro por ano, valor que dados divulgados já este ano pela OMS relativos a 2015 colocam em 7,2 litros. Excluindo desta contabilidade os 61,4% de cabo-verdianos que se declaram abstémios, o consumo médio per capita sobe para 17,9 litros por ano. O álcool é a droga lícita mais consumida no país e as famílias reservam a mesma percentagem (2%) do seu orçamento para despesas de saúde e para bebidas alcoólicas. A parte do orçamento familiar reservada para a compra de álcool é por vezes mais de o dobro da destinada às despesas com educação e, nos últimos anos, mais de um terço dos doentes internados no único hospital psiquiátrico do país regista problemas de álcool. Cabo Verde regista uma frequência superior à média africana de perturbações ligadas ao álcool (5,1%) e entre os países lusófonos africanos detém a mais alta percentagem de mortes associadas ao álcool (3,6%). Os dados assinalam ainda que o primeiro contacto com o álcool acontece em idades cada vez mais precoces (entre os 7 e os 17 anos), sendo a escola o principal espaço de iniciação nesta prática que é responsável por muitos acidentes rodoviários no país, entre muitos outros impactos para a saúde. |