Cancro gástrico difuso hereditário: Investigadores da UP criam plataforma in vitro para o diagnóstico precoce 105

O projeto liderado por Daniel A. Ferreira, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), centra-se no diagnóstico precoce do cancro gástrico difuso hereditário (HDGC), uma doença rara que é diagnosticada em cerca de 50 mil pessoas por ano em todo o mundo, predispondo os indivíduos afetados a formas altamente agressivas de cancro gástrico e da mama que são difíceis de detetar e tratar, resultando num mau prognóstico.

O projeto recebeu o financiado do novo programa CaixaImpulse Inovação em Saúde, da Fundação ‘la Caixa em parceria com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e colaboração do BPI.

As mutações hereditárias no gene CDH1, explica Daniel A. Fereira, ao portal da Universidade do Porto (UP), “são a principal causa de doença nos doentes com HDGC. As tecnologias de imagem atuais não são capazes de detetar o início precoce do cancro gástrico relacionado com o CDH1, pelo que, para os portadores destas mutações, a melhor estratégia terapêutica disponível é a remoção preventiva do estômago. Esta abordagem radical salva vidas, mas tem problemas de saúde a longo prazo”.

A equipa desenvolveu, então, uma plataforma in vitro que funciona como um ‘avatar’ do doente. Para o conseguir, adianta o investigador do i3S, “combinamos a tecnologia organ-on-a-chip com células derivadas dos próprios doentes. Este tipo de tecnologia simula o microambiente e os principais aspetos funcionais dos órgãos vivos numa escala microscópica”. Utilizando esta plataforma, acrescenta, “o projeto tentará identificar um painel de biomarcadores relevantes que possam determinar quais os doentes que estão livres da doença e quais os que já começaram a desenvolvê-la”.

O objetivo do projeto é oferecer “uma abordagem personalizada para cada doente, melhorando a sua qualidade de vida e ajudando os médicos a decidir sobre o melhor momento de ação, para uma cirurgia de redução de risco”, sublinha Daniel A. Ferreira, acrescentando que os resultados esperados “criarão as bases para o desenvolvimento futuro de um dispositivo de diagnóstico imediato para uma melhor gestão de indivíduos com um risco muito elevado de desenvolver a doença”.