A despesa dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) com medicamentos voltou a subir em 2018. Cresceu 68 milhões de euros face ao ano anterior, superando os 1207 milhões, valor nunca antes atingido. Os dados são do INFARMED e indicam que os medicamentos oncológicos são os mais representativos.
O relatório de monitorização do consumo de medicamentos nos hospitais do INFARMED que avança os dados é de dezembro de 2018 e indica que fármacos inovadores oncológicos são os principais responsáveis pelo aumento. Foram gastos mais 58 milhões de euros do que no ano anterior (20,5%) com tratamentos para o cancro, avança uma notícia do “Jornal de Notícias”.
A tendência indica que a despesa total cresceu 5,9% face a 2017, num ritmo mais acelerado do que nos dois anos anteriores (4,7% e 5,3%). Na última década, a evolução da despesa com medicamentos nos hospitais foi sempre crescente, tendo apenas registado uma quebra nos anos da crise (2013 e 2014).
As terapêuticas oncológicas, cada vez mais personalizadas e inovadoras, resultado do investimento crescente da indústria na área, tiveram um peso de 28% no total da despesa com medicamentos. Os hospitais gastaram 342 milhões de euros em 2018 com o cancro, mais 92 milhões do que em 2016, demonstra uma infografia presente no site do INFARMED.
A pressão sobre os sistemas de saúde é cada vez maior e vai aumentar. Segundo os dados INFARMED, nos últimos três anos foram aprovadas 43 substâncias para Oncologia. E este ano estima-se que o número de pedidos da indústria para comparticipação de novos fármacos oncológicos suba 50%. Esta situação tem levantado questões acerca da capacidade do SNS para acomodar tal despesa.
Além da Oncologia, as áreas terapêuticas aos quais se atribuiu o maior aumento na despesa, em 2018, foram a dos fármacos para a Artrite Reumatóide/ Psoríase/ Doença Inflamatória do Intestino, onde se incluem os biológicos (mais 13,3%), e as imunoglobulinas (mais 12,4%).
No caso dos medicamentos para a Imunodeficiência Humana (VIH), os encargos desceram 15,8 milhões de euros em 2018 (menos 7,4%), por força da entrada no mercado de genéricos.
Em relação à distribuição a nível regional, o Centro Hospitalar Lisboa Norte é o que mais gasta com fármacos: 165 milhões de euros em 2018. Seguem-se os CH Universitário de Coimbra (122 milhões), Lisboa Central (115 milhões), S. João (89,5 milhões) e o CH do Porto (83,7 milhões).
De janeiro a dezembro, a despesa dos hospitais com medicamentos órfãos aumentou 22% face a 2017.