Candidato à Ordem dos Enfermeiros quer «casamento» entre ensino e investigação 690

Candidato à Ordem dos Enfermeiros quer «casamento» entre ensino e investigação

13 de Outubro de 2015

O candidato à Ordem dos Enfermeiros (OE) José Carlos Gomes defendeu ontem o «casamento» entre ensino, clínica e investigação, durante a apresentação da recandidatura da presidente da Secção Regional Centro, no Centro Hospitalar de Leiria.

 

À margem da apresentação da candidatura de Isabel Oliveira a presidente da Secção Regional do Centro da OE, José Carlos Gomes disse à agência “Lusa” que o «eixo clínica, ensino e investigação» é uma das prioridades dos «18 compromissos para o próximo quadriénio» da Ordem dos Enfermeiros.

 

«Em relação à clínica, pretendemos devolver a dignidade àquilo que é a atividade profissional em enfermagem: falamos das condições de trabalho, mas também das dotações seguras. Queremos que as instituições de saúde do setor público, privado e cooperativo correspondam àquilo que são as exigências de qualidade dos instrumentos que existem a nível nacional, europeu e internacional», adiantou o candidato, acrescentando que pretende falar de «casamento».

 

Para José Carlos Gomes, que lidera a candidatura “Enfermagem com Futuro”, «muitos dos problemas que os enfermeiros enfrentam hoje têm a ver com algum divórcio que tem existido entre estas três áreas». A organização do ensino da enfermagem em Portugal «vai contra todas as boas práticas do ensino que se quer promotor de desenvolvimento».

 

Embora o ensino seja de «elevadíssima qualidade», assiste-se a uma «separação absoluta entre aquilo que se faz enquanto clínica e aquilo que são os sítios onde se ensina».

 

«O que defendemos é que se deve ensinar onde se pratica e se deve praticar onde se ensina. Uma das medidas que apresentamos é a associação entre o título académico de mestre e o título profissional de enfermeiro especialista», salientou o candidato, sublinhando que entende a investigação «baseada nos contextos da prática».

 

A defesa «clara» do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é outra das prioridades defendidas. «Não somos contra as instituições privadas ou corporativas – elas têm um papel importantíssimo na nossa sociedade -, mas a desnatação a que estamos a assistir no SNS, particularmente nos últimos anos, é assustadora. Não quero um país onde haja um SNS para ricos e outro para pobres, porque é prejudicial para a população, para aquilo que é a qualidade assistencial da saúde e para o desenvolvimento do próprio país, mesmo do ponto de vista económico».

 

«O acompanhamento do exercício profissional e a descentralização das atividades da secção» são as principais tónicas do programa de Isabel Oliveira. A candidata a presidente da Secção Regional Centro da OE salientou o «percurso sério, pautado pelo rigor, ambição e visão de futuro» que liderou nos últimos quatro anos.

 

Recordando que a sua equipa, que se recandidata, realizou «mais de 200 visitas de acompanhamento do exercício profissional com intervenção direta”, quer por insuficientes condições para o exercício da profissão, quer por dotações inseguras, quer por exercício ilegal da profissional».

 

«Tivemos algumas instituições em que conseguimos algumas alterações significativas, nomeadamente a alocação de recursos de enfermagem nos serviços e melhorias nos serviços. Há outras instituições em que a mudança não é tão fácil», informou.

 

Isabel Oliveira apelou ainda ao voto, recordando que a abstenção nas últimas eleições foi de cerca de 85 por cento. «Se os próprios enfermeiros não legitimam os órgãos que vão eleger para os representar, imagine-se o que é isto no decisor político: não tem peso, nem representatividade. Acabamos por retirar força a nós próprios com a abstenção».

 

As eleições para a Ordem dos Enfermeiros realizam-se no dia 15 de dezembro.