Candidatura do Porto dizia que INFARMED podia alocar recursos com 4,8 milhões do Governo 594

Candidatura do Porto dizia que INFARMED podia alocar recursos com 4,8 milhões do Governo

 


24 de novembro de 2017

O dossier de candidatura do Porto à Agência Europeia do Medicamento (EMA) dizia que o INFARMED podia colaborar alocando recursos para aquela cidade e que para isso o Governo português investiria 4,8 milhões de euros.

O documento, disponibilizado na página da internet do Conselho Europeu que apresenta a documentação de todas as cidades que se candidataram à sede da EMA, nunca é claro quanto à transferência da sede do INFARMED, dizendo que o regulador poderá reforçar a sua colaboração com a agência europeia.

Num excerto de uma entrevista à “Antena” 1 divulgado hoje, o primeiro-ministro afirmou que a transferência da sede do INFARMED para o Porto já estava decidida e era um dos critérios da candidatura da cidade à EMA.

O dossier de candidatura, consultado pela “Lusa”, refere que «para garantir uma transição efetiva, o INFARMED, o regulador nacional de medicamentos, com uma parceria notável e de longa data com a EMA, terá no local recursos humanos, científicos e técnicos para fortalecer a sua colaboração com a agência».
«O processo de planeamento e de alocação de recursos visa alcançar, até 2019, a otimização dos tempos de avaliação e um aumento significativo no número de procedimentos que Portugal está apto para avaliar. Para atingir estes objetivos, o governo português investirá 4,8 milhões de euros», lê-se no documento.

A candidatura sublinha ainda a estreita relação já existente entre o INFARMED e a EMA, «materializada nas dezenas de trabalhadores portugueses – admitidos através de processos de candidatura internacionais – a trabalhar para a Agência Europeia, muitos em lugar de topo».

O dossier de candidatura informa que o INFARMED está em processo de revisão do seu estatuto legal e que «o objetivo é fortalecer, afetar e mobilizar as habilidades técnico-cientificas nacionais, a fim de garantir uma participação decisiva e ativa na avaliação de medicamentos, com especial foco em produtos inovadores, dando a autoridade nacional os recursos humanos, científicos e técnicos necessários para esta tarefa».

«Esta alteração levará a um aumento da sua eficiência no que se refere à participação no sistema regulatório europeu sob a égide da EMA e da Comissão Europeia», acrescenta, sem nunca clarificar o que significa a colaboração através da alocação de recursos nem mencionar a possibilidade de transferência da sede do INFARMED para o Porto.

O anúncio da transferência da sede da autoridade do medicamento para o Porto, na terça-feira, apanhou os trabalhadores do INFARMED de surpresa e, num plenário realizado na quarta-feira os funcionários mostraram o seu desagrado relativamente a esta possibilidade, com a quase totalidade (92%) a manifestar-se indisponível para esta mudança.