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Casos crónicos de hepatite estão a aumentar

25 de julho de 2014

É necessário intensificar a prevenção e os programas de controlo para reverter a tendência para o aumento de casos crónicos de hepatite vírica, doença silenciosa que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, avisam os responsáveis do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC).

«A hepatite é uma doença com muitas faces (…). A hepatite vírica é prevenível – mas, deixada por tratar, a infeção crónica com hepatite B e C, por exemplo, pode progredir para cirrose ou cancro do fígado», avisa o diretor do ECDC, Marc Sprenger, em comunicado esta sexta-feira divulgado a propósito do dia mundial desta doença (que se assinala a 28 de julho). A hepatite afeta milhões de pessoas por todo a Europa sem que estas tenham consciência, por ser assintomática.

No caso da hepatite A, depois de vários anos de tendência para o declínio e a estabilização, recentes surtos indicam que a infeção «reemergiu como um problema de saúde pública na Europa», avisam os especialistas. «Estes surtos levantam a questão de se saber se os estados-membros da União Europeia devem avançar para recomendações mais alargadas de vacinação contra a hepatite A, porque esta habitualmente apenas é recomendada a viajantes», sugere Sprenger, citado pelo “Público”.

Quanto aos outros tipos conhecidos da patologia, atualmente a hepatite C causa uma maior carga de doença na Europa do que a hepatite B, com quase o dobro de casos e notificações: entre 2006 e 2012, registaram-se mais de 110 mil casos de hepatite B e mais de 206 mil de hepatite C, sublinham os especialistas.

Na hepatite B, o problema é que as taxas de casos crónicos duplicaram entre 2006 e 2012, passando de 4,3 por 100 mil pessoas para 8,6 por 100 mil, neste período, nota o ECDC. Mas há uma boa notícia: o número de casos agudos de hepatite B está em contínuo declínio desde 2006 – muito graças aos programas de vacinação em vários países europeus, sublinha aquele organismo.

A preocupação com a hepatite C justifica-se porque, além da dimensão do problema, há muitos casos que não estão sequer classificados. Em 2012, dos 30.607 casos reportados por 27 estados-membros da União Europeia, mais de três quartos não estavam classificados, sabendo-se apenas que 1,7% eram agudos e 12,8% crónicos, sublinha o ECDC. Aliás, só 13 países estavam em condições de classificar os casos como agudos ou crónicos, referem. A população entre os 24 e os 44 anos era a mais afetada, representando mais de metade de todos os casos de hepatites C diagnosticados nesse ano.

«O problema é mais sério do que pensávamos e precisamos de intensificar a prevenção e os programas de controlo», reclama Sprenger.