De acordo com Rui Tato Marinho, diretor do Programa Nacional para as Hepatites Virais, têm surgido nos últimos dias, casos de hepatite aguda em crianças a nível europeu, contudo têm sido casos pontuais.
“Tive conhecimento de 10 casos espalhados por países, hoje foi identificado um caso na Polónia. Não quer dizer que no futuro seja assim, mas nestes últimos dias não houve uma explosão assustadora do aumento do número de casos”, indicou Rui Tato Marinho à agência Lusa, no final de uma reunião do Centro Europeu de Controlo e Prevenção das Doenças (ECDC, sigla em inglês).
O diretor do programa adiantou que tem estado em contacto com os pediatras e os médicos de Medicina Geral e Familiar, não tendo sido detetado nenhum caso em Portugal.
“Estamos preparados para que, a qualquer altura, isso possa acontecer”, disse, acrescentando que, por norma “são crianças muito pequeninas de três, quatro anos, em que 10% dos casos evoluíram para hepatite fulminante, necessitando de transplante”.
O especialista explicou que o transplante nestes casos é de dador vivo em que o pai, a mãe ou um amigo mais velho pode dar “um bocadinho do fígado”.
Em Portugal, existe uma equipa de transplantes pediátricos, em Coimbra, que está preparada para a eventualidade de surgir algum caso no país.
Entretanto Rui Tato Marinho adiantou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o ECDC estão “a trabalhar dia e noite afincadamente, para conseguir detetar qual é o ponto comum nestes casos, o que é que se está a passar e saber qual é o agente, se é um vírus ou não”.
A agência Lusa adiantou que a comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides, indicou em Bruxelas, que o surto de casos de hepatite aguda de origem desconhecida em crianças “é uma situação preocupante”, que “a União Europeia está a seguir de muito perto”.
O surto “de origem desconhecido”, que foi anunciado pela OMS a 15 de abril, causa inflamação do fígado e “em muitos casos”, sintomas gastrointestinais como dores abdominais, diarreia e vómitos, e elevação das enzimas do fígado.