Casos reportados ao Centro Anti Discriminação VIH/Sida aumentaram 719

Casos reportados ao Centro Anti Discriminação VIH/Sida aumentaram

18 de dezembro de 2014

O Centro Anti Discriminação VIH/Sida (CAD) recebeu, nos dez primeiros meses do ano, 42 queixas de pessoas infetadas com VIH que se sentiram discriminadas, um número que aumentou significativamente desde 2012, foi ontem anunciado.

Dados divulgados pelo centro, citados pela “Lusa”, referem que o número de queixas «tem aumentado, significativamente, desde o segundo semestre de 2012, quando se registaram dez queixas».
 
No primeiro semestre de 2014, foram registadas 25 e, no segundo semestre, até novembro, foram reportados 17 casos.

Segundo os dados, uma em cada quatro pessoas infetadas com o VIH diz ter sido discriminada no acesso a cuidados de saúde, o que originou o maior número de queixas (25,85%).

As queixas relacionadas com o meio laboral surgem em segundo lugar, representando 20,41% das situações, seguindo-se a «devassa da vida privada» (15,65%).

Os dados referem ainda que 13,61% dos casos reportados ao centro se devem a situações com seguradoras, 4,8% a «quebra de confidencialidade», 3,40% a situações relacionadas com o ensino, 3,40%, com o apoio social, e 2,72%, com a justiça.

Criado em janeiro de 2010, pela SER+, Associação Portuguesa para a Prevenção e Desafio à Sida, e pelo Grupo Português de Ativistas sobre Tratamentos de VIH/SIDA (GAT), o CAD dirige-se «às pessoas que vivem ou são afetadas pelo VIH, sujeitas a estigma e discriminação associadas à infeção», mas também aos profissionais e trabalhadores nas áreas da saúde, educação e serviços sociais, a voluntários, colaboradores e trabalhadores de organizações não-governamentais.

O projeto CAD, cofinanciado em 75% pela Direção-Geral da Saúde, no âmbito do Plano Nacional Para a Infeção VIH/Sida, teve início em janeiro de 2011 e terá a duração de quatro anos, tendo como objetivo «diminuir a discriminação e o estigma em relação às pessoas que vivem com a infeção VIH e populações mais vulneráveis, defendendo e promovendo os seus direitos».

No ano passado, foram diagnosticados quase três casos por dia de infeção por VIH/sida em Portugal, num total de 1.093 situações, o que equivale a uma taxa de 10,5 novas infeções por 100.000 habitantes, segundo dados do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).

Os dados indicam que, dos casos registados em 2013, 20,7% das situações já se encontravam no “estádio sida”, quando a infeção evolui para doença.

Foram notificados 226 mortes ocorridas no ano passado em pessoas com a infeção por VIH, 145 das quais no “estádio sida”.

Entre 1985 e 2013 foram diagnosticados ao todo 47.390 casos de infeção por VIH/sida.