Ensaio clínico usou células estaminais hematopoiéticas expandidas a partir do sangue do cordão umbilical para reduzir complicações após transplante
A conclusão de um ensaio clínico de fase III de transplante de células estaminais hematopoiéticas, expandidas a partir do sangue do cordão umbilical, em pessoas com doenças hemato-oncológica revela que estas células podem reduzir as complicações após um transplante, nomeadamente o risco de infeções e, consequentemente, melhorar o tempo de recuperação destes doentes.
As pessoas com doenças hemato-oncológicas, comumente conhecidas como cancros do sangue, fazem frequentemente transplantes de células estaminais, para substituir as células da medula óssea danificadas pela quimioterapia ou radioterapia. Estes transplantes podem ser feitos com células da medula óssea, com células estaminais presentes no sangue ou com células estaminais do cordão umbilical. No entanto, os transplantes de medula óssea acarretam um risco elevado para os doentes relacionado com a possível incompatibilidade e rejeição do organismo. Com os transplantes de sangue do cordão umbilical este rejeição não é tão comum, por isso torna este tratamento mais seguro e vantajoso.
Uma vez que o sangue do cordão umbilical está limitado ao número de células colhidas no momento do parto, a investigação nesta área tem suscitado muito interesse por parte da comunidade científica, especialmente no âmbito da transplantação hematopoiética e da expansão do número de células estaminais colhidas no sangue do cordão umbilical no momento do parto. Os resultados obtidos num ensaio clínico de fase III, acabam de dar mais um passo em direção à expansão das células estaminais hematopoiéticas do sangue do cordão umbilical.
A empresa Gamida Cell, biotecnológica sedeada nos E.U.A, anunciou as conclusões do ensaio clínico de fase III de transplante de células estaminais expandidas a partir do sangue do cordão umbilical, em pessoas com doenças hemato-oncológicas, como leucemias e linfomas. O ensaio clínico envolveu 50 centros de transplantação, pelo mundo inteiro, e permitiu concluir que o tempo de recuperação de neutrófilos (células do sistema imunitário) foi reduzido para 12 dias após o transplante, em vez de 22 dias do grupo de controlo, que recebeu o transplantes de células estaminais do cordão umbilical standard.
Os resultados permitem concluir que a utilização de células estaminais hematopoiéticas expandidas do sangue do cordão umbilical, para o transplante destes doentes, favorece a redução de complicações, como o risco de infeções e, consequentemente reduzem o período de hospitalização.
Em Portugal, a BebéVida desenvolveu um projeto de investigação nesta área com o Instituto de Medicina Molecular (IMM), da Faculdade de Medicina de Lisboa, e a empresa Stemcell2MAX, para testar uma nova molécula de expansão de células estaminais hematopoiéticas. Neste projeto foram testadas algumas amostras de sangue do cordão umbilical e conseguiu verificar-se uma expansão em alguns casos de até 100 vezes o número de células contidas numa amostra de sangue do cordão umbilical.
“Os testes que realizámos permitiram provar a capacidade da molécula na expansão das células estaminais hematopoiéticas in vitro, agora o próximo passo é fazer os mesmos testes in vivo e verificar se as células expandidas têm o mesmo comportamento das células originais. Esta avaliação permitirá uma redução do tempo de recuperação de neutrófilos e plaquetas, o que irá encurtar o tempo de recuperação hematológica, minimizando por consequência os riscos associados a um transplante. Este é o desafio que temos em mãos nesta área para o futuro” – afirma João Sousa, Diretor de Qualidade da BebéVida.
Estes resultados sustentam a decisão que muitos pais tomam de criopreservar as amostras de sangue do cordão umbilical em Bancos de Sangue do Cordão Umbilical, alargando o potencial terapêutico destas células.