As células estaminais do tecido adiposo têm um efeito benéfico sobre alguns problemas relacionados com a obesidade, como a diabetes e a doença cardiovascular, sugere um estudo em modelo animal, recentemente publicado na revista Scientific Reports.
Em Portugal, a obesidade afeta 1,5 milhões de pessoas e estes números tendem a crescer de ano para ano, estimando-se que possa atingir os 2,4 milhões já em 2025. Este é um problema de saúde pública à escala global, ao qual estão associadas comorbilidades, como a diabetes, dislipidemia, hipertensão arterial, infertilidade e doenças cardiovasculares, com impacto na qualidade e esperança média de vida da população, sendo expectável uma redução de cerca de 2,2 anos na esperança média de vida no nosso país até 2050, de acordo com o relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico publicado no final de 2019.
“É, por isso, cada vez mais urgente encontrar estratégias que permitam tratar eficazmente a obesidade e os problemas de saúde relacionados. Nesse sentido, as células estaminais mesenquimais, que podem ser obtidas, por exemplo, a partir do cordão umbilical ou de tecido adiposo, são uma abordagem inovadora que tem vindo a ser proposta em vários estudos, pelas suas propriedades imunomoduladoras, anti-inflamatórias e regenerativas, bem como o seu perfil de segurança favorável, demonstrado numa vasta gama de ensaios clínicos”, explica a Dr.ª Bruna Moreira, investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal.
Neste estudo, procurou-se avaliar o impacto da administração de células estaminais mesenquimais no peso, composição corporal, glicémia, tolerância à glicose e risco de doença cardiovascular, recorrendo a um modelo animal de ratinhos obesos.
Apesar de não se ter verificado efeito ao nível do peso e da percentagem de massa gorda, os investigadores constataram que as células estaminais administradas promoveram a redução do nível de açúcar no sangue e aumentaram a tolerância à glicose nos ratinhos obesos, para níveis semelhantes aos dos ratinhos saudáveis.
Os autores concluíram ainda que as células estaminais diminuíram os valores do Índice Aterogénico do Plasma (IAP), um parâmetro que tem em conta o nível de triglicerídeos e de colesterol no sangue, pelo que estes resultados podem significar uma redução na tendência para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares nos ratinhos obesos.
Verificou-se também que a administração de células estaminais mesenquimais baixou o nível de moléculas pró-inflamatórias no sangue dos ratinhos obesos, o que pode estar na base dos seus efeitos benéficos, uma vez que estas moléculas estão associadas ao desenvolvimento de diabetes e aterosclerose.
No seu conjunto, estes dados sugerem um efeito benéfico sobre alguns dos problemas relacionados com a obesidade. No entanto, o recurso a este tipo de abordagem inovadora implica a realização de mais estudos em modelo animal e, posteriormente, ensaios clínicos em humanos, que permitam estabelecer a sua segurança e eficácia.
Para aceder aos mais recentes estudos científicos sobre os resultados promissores da aplicação de células estaminais, visite o Blogue de Células Estaminais: https://www.crioestaminal.pt/blogue-de-celulas-estaminais/