Central de compras da Saúde gasta 100 mil euros em formação para gestão de stress 506

Central de compras da Saúde gasta 100 mil euros em formação para gestão de stress

03-Fev-2014

A central de compras do Serviço Nacional de Saúde voltou a contratar este ano uma empresa para fornecimento de serviços de executive team coaching.

Os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), que funciona como central de compras do Serviço Nacional de Saúde (SNS), contrataram em janeiro uma empresa para formar um grupo de funcionários de topo em gestão de tempo e de stress, por 74.500 euros mais IVA.

Válido por quatro meses, o contrato vai beneficiar três dezenas de trabalhadores da entidade empresarial.

Esta é já a segunda vez que os SPMS contratam a mesma empresa, Aida Chamiça Lda, por ajuste direto, para a prestação de serviços genericamente designados como executive team coaching.

No ano passado, por um contrato de seis meses, os SPMS pagaram a esta empresa 38.500 euros.

Para que serve o executive team coaching? Os serviços contratados incluem «workshops de planeamento, gestão de tempo e assertividade e gestão de conflitos» e ainda «formação em gestão de stress», explicaram os SPSM em esclarecimento escrito enviado ao “Público”.

A acção de formação que vai decorrer este ano inclui «um total de 30 pessoas das áreas de coordenação e de gestão de projetos TIC [tecnologias de informação e comunicação]», adiantou. Já a de 2013 foi diferente. Destinou-se aos «quadros superiores da empresa» e enquadrou-se «numa estratégia de formação de liderança de equipas», acrescentaram os SPMS, sem especificar quantos líderes estiveram envolvidos na ação.

Criada em 2010, esta entidade empresarial que tinha como objetivo poupar cem milhões de euros em três anos sublinha ainda que, além de funcionar como central de compras do SNS, é atualmente responsável pelo desenvolvimento e manutenção dos sistemas de informação do ministério, «o que leva a situações de grande stress diário».

A contratação de serviços de coaching, prossegue, insere-se numa estratégia destinada a assegurar a evolução e adaptação dos trabalhadores «a novos desafios, ajudando-os a gerir a pressão diária a que estão sujeitos e a manter a motivação e capacidade de trabalho».

Os SPMS destacam também o facto de os programas contratados de coaching para líderes em 2013 e 2014 terem «o carácter inovador de introduzirem o coaching executivo no setor empresarial do Estado (administração pública)», sendo que esta abordagem é já «valorizada em contextos empresariais (setor privado)» e «tem sido diferenciadora».

Outra vantagem prende-se com a abrangência destas formações. «O programa implementado em 2013 nos SPMS associou a vertente do coaching executivo para líderes, com team coaching e ainda com one shot sessions, estas últimas disponíveis a todos os trabalhadores interessados em conhecer temas que estimulassem o seu desenvolvimento», nota.

Questionados sobre a escolha desta empresa específica, em dois anos consecutivos, sem a realização de concurso público, os SPMS responderam que foi «a exigência dos seus projetos», com consequente «desgaste» para os seus profissionais, que a levou «a procurar as melhores referências na área de coaching».

«O extenso currículo profissional de Aida Chamiça, de que se destaca o facto de ser a única profissional portuguesa com o Master Certified Coach, emitido pela International Coach Federation, foi preponderante para a escolha», explicitaram.

O “Público” tentou falar com Aida Chamiça, que se recusou a prestar qualquer esclarecimento sobre os contratos para o fornecimento de serviços de executive team coaching, alegando que nesta área a discrição é a regra.

Os SPMS têm atualmente 190 trabalhadores.