Centro Hospitalar do Algarve diz que é ridículo falar em falta de medicamentos 510

Centro Hospitalar do Algarve diz que é ridículo falar em falta de medicamentos

14-Jan-2014

O presidente da administração do Centro Hospitalar do Algarve classificou ontem de «ridículo» e «desleal» alguns médicos andarem a dizer que há falta de medicamentos em Faro e Portimão e que as cirurgias são adiadas por falta de material.

«É absolutamente ridículo e uma deslealdade dizer que faltam medicamentos oncológicos ou que faltam medicamentos do VIH», declarou à agência “Lusa” o presidente do Centro Hospitalar do Algarve (CHA), Pedro Nunes, admitindo, todavia, que há dificuldades, mas não têm a «dimensão que as pessoas quiseram colocar».

Um abaixo-assinado subscrito por 182 médicos na semana passada denunciou a existência de adiamentos de cirurgias programadas no CHA, por falta de material, e que havia falta de medicamentos.

Segundo Pedro Nunes, quando havia muito dinheiro, normalmente comprava-se no mês de novembro para o mês de janeiro e fevereiro e depois faziam-se as contas tranquilamente. Agora «há uma coisa inventada pela troika chamada Lei dos Compromissos em que não pode haver qualquer tipo de derrapagem financeira. Em dezembro a dificuldade é comprar para dezembro e está fora de causa comprar para janeiro sem violação da lei», explicou.

Pedro Nunes admitiu a existência pontual de falta de um medicamento, mas assegurou que o problema foi resolvido a tempo. «Acho lamentável que haja aproveitamento político destas situações, porque o Algarve precisa de tranquilidade e realmente não serve de nada as pessoas do turismo andarem pelo mundo inteiro a tentar vender a ideia de que Portugal é um sítio ótimo para as pessoas virem de férias ou estar e depois (…) lerem que os hospitais do Algarve estão em rutura disto ou daquilo, quando na realidade se faz um esforço tremendo (…), até ao esgotamento, para que não falhe nada neste contexto muito difícil que o país atravessa», afirmou.

«O doente, se por qualquer motivo chegou e não existia um medicamento, esse medicamento é pedido emprestado, é imediatamente desencadeado o processo para pagar o empréstimo e portanto não houve até agora nenhuma falha significativa nos hospitais, tanto de Faro, como Portimão e portanto estar a levantar essa insegurança é inaceitável».

Sobre a acusação de alguns médicos andarem a dizer que houve cirurgias adiadas por falta de material, Pedro Nunes recordou que já há mais de um ano que as cirurgias programadas são feitas com pelo menos 15 dias de antecedência, só que continuam muitas vezes a ser feitas de véspera.

«Há uns anos, cada um fazia o que lhe apetecia e comprava o que queria e não havia nenhum controlo e por isso é que este hospital de Faro tinha 70 milhões de dívida», mas agora as coisas começaram a ser controladas e programadas com antecedência, porque a lei obriga, referiu o médico e administrador.

Pedro Nunes relembrou aos médicos que é necessário colaborar e informar com antecedência os serviços de aprovisionamento daquilo que vão necessitar, porque «hoje em dia o procedimento burocrático é mais lento».

O facto dos dois hospitais [Faro e Portimão] se terem juntado e se ter criado o CHA também trouxe dificuldades, porque os sistemas informáticos e as aplicações são diferentes e todo o plano informático foi modificado este ano, estando a falar-se de mais cinco mil produtos e mais de 1.500 medicamentos.