Cerca de 35% dos portugueses com mais de 65 anos sofre de fibrilhação auricular sem saber 09 de Maio de 2016 Perto de 9% dos portugueses com mais de 65 anos sofre de fibrilhação auricular (FA), e, destes, mais de 35% não estarão diagnosticados. As conclusões são do Estudo SAFIRA (System of AF evaluation In Real world Ambulatory patients), o mais recente retrato da prevalência e padrões de tratamento de fibrilhação auricular e risco cardiovascular na população portuguesa com mais de 65 anos. Os resultados preliminares foram apresentados pela primeira vez no Congresso Português de Cardiologia. Portugal é o país da União Europeia com maior número de mortes por acidente vascular cerebral (AVC), sendo esta a principal causa de morte e incapacidade no nosso país. Para a maioria dos doentes que sobrevivem ficam sequelas que, em metade dos casos, impedem os doentes de retomar uma vida ativa. Causadora de um terço dos AVC, a FA representa, simultaneamente, um forte fator e marcador de risco cardiovascular – o que faz desta patologia um dos mais importantes problemas de saúde pública em Portugal. O estudo SAFIRA procurou obter dados reais da prevalência da FA entre a população portuguesa, sobretudo entre os mais idosos, população com maior risco. Foram avaliados 7.500 indivíduos de 65 ou mais anos, população monitorizada normalmente nos Cuidados de Saúde Primários, nos Hospitais e no terceiro setor. Todos os doentes incluídos no estudo realizaram Electrocardiograma (ECG) e, na ausência de deteção de FA pelo ECG, um subgrupo realizou ainda Holter de 24 horas ou implantou um registador de eventos não invasivo durante 7 dias. O estudo SAFIRA revelou ainda um elevado subdiagnóstico. De entre os 9% dos doentes em que se detetou existência de FA, 35,9% desconheciam ter a doença. De assinalar que este era o caso de quase 75% dos doentes no terceiro setor. Por outro lado, 18,6% dos doentes não diagnosticados apresentavam FA paroxística, que habitualmente passa desapercebida no eletrocardiograma, sendo maioritariamente detetada no Holter ou registador de eventos – o que sublinha a importância de uma investigação mais prolongada dos sintomas, nomeadamente na população mais idosa. |