China defende reforço do papel da OMS na sequência da saída dos EUA 99

A China destacou hoje o papel da Organização Mundial da Saúde (OMS) em assuntos de saúde pública global, depois de o novo Presidente norte-americano, Donald Trump, ter decidido retirar os Estados Unidos daquela agência da ONU.

Em conferência de imprensa, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Guo Jiakun, sublinhou que a OMS é “a instituição internacional mais autorizada e profissional no domínio da saúde pública global” e tem desempenhado um “papel central na coordenação global da governação da saúde”.

“O papel da OMS deve ser reforçado e não enfraquecido”, afirmou Guo, citado pela Lusa, em resposta às acusações da Casa Branca sobre a alegada falta de contribuição significativa da China para a organização.

Guo também reafirmou o compromisso da China com a instituição, dizendo que o país continuará a “apoiar a OMS no cumprimento das suas funções”, ao mesmo tempo que aprofunda a cooperação internacional no domínio da saúde pública.

“A China vai aprofundar a cooperação internacional, melhorar a governação global da saúde e promover a construção de uma comunidade global de saúde para todos”, acrescentou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

 

Trump retira EUA da OMS

A resposta da China segue-se à ordem de Trump para retirar os EUA da OMS, uma decisão que suscitou críticas no país e no estrangeiro, sobretudo tendo em conta a crise sanitária mundial desencadeada pela pandemia da covid-19.

Ao assinar o documento na Sala Oval da Casa Branca, o republicano justificou a sua decisão criticando o facto de os Estados Unidos contribuírem com muito mais recursos do que a China para este organismo.

Trump lembrou que durante o seu primeiro mandato (2017-2021) já tinha tomado a decisão de sair da OMS: “Eles [China] estão a pagar 39 milhões de dólares (37,6 milhões de euros). Nós estávamos a pagar 500 milhões (482 milhões de euros). Pareceu-me um pouco injusto”.

 

OMS lamenta decisão dos EUA

Esperamos que os Estados Unidos reconsiderem a sua posição e envolvam-se num diálogo construtivo em prol da saúde e do bem-estar de milhões de pessoas em todo o mundo”, disse o porta-voz da OMS em Genebra, Tark Jasarevic, sublinhando que a organização espera “um diálogo construtivo” com as autoridades norte-americanas.

O porta-voz afirmou que a retirada efetiva dos Estados Unidos ocorreria dentro de um ano. Jasarevic recordou que os Estados Unidos foram um dos fundadores da OMS em 1948 e a sua colaboração foi vital nas últimas sete décadas.

A OMS e os Estados Unidos salvaram inúmeras vidas e protegeram todos de ameaças à saúde. Juntos, erradicámos a varíola e levámos a poliomielite à beira da erradicação”, disse o porta-voz da OMS.

Jasarevic observou que as instituições norte-americanas “contribuíram para a OMS e beneficiaram-se de serem membros”, acrescentando que, com a participação dos Estados Unidos e de outros países nos últimos sete anos, o organismo empreendeu as maiores reformas da sua história.

Este trabalho continua”, acrescentou o porta-voz da agência que assumiu um papel de liderança no sistema da ONU nos últimos anos, devido ao aumento das emergências de saúde, como a da covid-19.