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CHUC realizou dez cirurgias de mudança de sexo em 2014

14 de Janeiro de 2015

A Unidade de Reconstrução Génito-Urinária e Sexual (URGUS) do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) realizou dez cirurgias de mudança de sexo em 2014, informou direção do serviço.

Das dez cirurgias de reatribuição sexual, foram feitas «sete faloplastias [mudança de sexo de feminino para masculino] e três vaginoplastias [mudança de sexo de masculino para feminino]», informou a diretora da URGUS, Lígia Fonseca.

Segundo a diretora da URGUS, devido a «uma maior visibilidade», há cada vez mais pessoas a terem consultas na unidade e a lista de utentes «tem vindo a aumentar», apesar de nem «todos fazerem a cirurgia».

O processo de mudança de sexo «pode demorar entre dois a quatro anos», dependendo não só de consultas de acompanhamento, assim como da realização de cirurgias complementares como as mastectomias (remoção), mamoplastias (aumento) ou histerectomias (remoção do útero).

De momento, a unidade «tem registadas 125 pessoas», com 37 em fase de avaliação, «41 em tratamento hormonal e 25 em fase de cirurgias», referiu a URGUS, em comunicado enviado à agência “Lusa”.

A URGUS, constituída em 2011, é a única unidade do Serviço Nacional de Saúde que faz a cirurgia de reatribuição sexual, contando com uma equipa multidisciplinar de 11 elementos, com especialistas em sexologia, endocrinologia, ginecologia, cirurgia plástica e reconstrutiva e urologia.

O parlamento debate, hoje, em plenário, um projeto de lei do PS para que as pessoas transexuais tenham os mesmos direitos no acesso ao emprego e no trabalho, para acabar com a discriminação.

Para isso, o Partido Socialista propõe uma alteração ao Código do Trabalho para que passe a incluir expressamente a «identidade de género, no âmbito do direito à igualdade no acesso a emprego e no trabalho».

O PS lembra a importância da lei que criou, em 2011, o procedimento de mudança de sexo e de nome próprio no registo civil, mas lamentam que persista a discriminação sobre os transexuais.

«As pessoas transexuais e com disforia de sexo são ainda violentamente discriminadas, pagando por essa discriminação uma dor incomensurável, o que justifica os avanços que o legislador vai marcando nesta matéria», refere o grupo parlamentar do PS no documento.

Após a inclusão no Código Penal da expressão “identidade de género”, nos artigos relativos ao homicídio qualificado e ofensas à integridade física qualificadas, o PS considera que «seria incompreensível, em face da discriminação vivida diariamente em função da identidade de género no mundo do trabalho, que o legislador não introduzisse» esta categoria no artigo 24.º do Código do Trabalho.

Dados do Inquérito LGBT Europeu, referentes a Portugal, referem que 79% dos transexuais defendem medidas anti discriminação nesta área e 57% admitiram que esconderam sempre no emprego serem transexuais.

Segundo o relatório da Agência da União Europeia para os Direitos Fundamentais, 60% das mulheres transexuais e 43% dos homens transexuais sentiram discriminação na procura de emprego.