Cientista português estuda forma de «ensinar» o sistema imunitário a responder ao VIH 20 de outubro de 2014 Um cientista português liderou uma investigação para perceber como é que pessoas infetadas pelo VIH desenvolveram anticorpos para enfrentar o vírus e vem propor uma vacina «feita à medida» para as diferentes fases de resistência do organismo. «Conseguimos determinar todos os passos de uma família de anticorpos desde o início, até à forma em que é mais eficiente contra o vírus, e conseguimos fazer o mapeamento das zonas do vírus que são importantes para o desenvolvimento destes anticorpos», disse no domingo à agência “Lusa” Fernando Garces Ferreira a propósito do trabalho, publicado na revista “Cell”. O investigador do “The Scripps Research Institute” (TSRI), nos EUA, e a sua equipa propõem «uma vacina que tem de ser tailer made, feita à medida, para os diferentes passos» para que se possa «guiar o desenvolvimento do anticorpo numa determinada direção». O objetivo é «tentar ensinar o sistema imunitário de pessoas saudáveis, não infetadas com VIH, a produzirem esses anticorpos para que, na eventualidade de uma infeção, o sistema esteja preparado para ter uma resposta rápida e eficiente», resumiu o cientista. «Todos temos a possibilidade de desenvolver esses anticorpos, mas é preciso realmente guiar o sistema imunitário a desenvolver esses anticorpos, por isso, provavelmente, temos de dar aos organismos diferentes vacinas», defendeu Fernando Garces Ferreira.´ «Até agora, quando o anticorpo maduro se une ao vírus, desenhamos a parte viral e é essa parte que injetamos no organismo e vamos ver se o sistema imunitário consegue reproduzir a criação desse mesmo anticorpo», explicou. O que falhava era que, até esse ponto final, «há muitos outros processos desenvolvidos» que, se não forem tidos em conta, impedem que se chegue ao anticorpo final, capaz de enfrentar o VIH, um vírus «muito sofisticado». A família de anticorpos objeto do estudo foi descoberta há alguns anos num doente com VIH e chegou-se à conclusão que 10 a 15% dos doentes, passados alguns anos, desenvolvem anticorpos «extremamente potentes» na neutralização do vírus. O problema é que esses anticorpos «já chegam tarde porque o vírus já está instalado e uma vez o VIH instalado no nosso corpo é impossível remove-lo», referiu Fernando Garces Ferreira. |