Cientista português melhora transplante celular para curar diabetes 1265

Segundo um trabalho publicado na revista Science Translational Medicine, o cientista português Hugo Figueiredo descobriu como melhorar o transplante de estruturas multicelulares do pâncreas para curar doentes com diabetes tipo 1, que dependem da toma diária de insulina.

Este estudo foi realizado nos últimos sete anos nos laboratórios do Instituto de Pesquisa Biomédica Augusto Pi-Sunyer, em Barcelona, Espanha.

O português descobriu que eliminando uma determinada proteína, o desempenho das estruturas multicelulares do pâncreas transplantadas em ratos diabéticos melhorou e os sintomas da doença reverteram: os níveis de açúcar no sangue voltaram ao normal e os de insulina ficaram elevados.

Estes resultados revelam-se promissores, pois o transplante dos ilhéus pancreáticos (como se designam estas estruturas), apresentam uma capacidade curativa, para além deste ser um procedimento muito menos invasivo que um transplante de pâncreas.

O que impede que o transplante de ilhéus seja uma das principais terapias usadas, é a formação de vasos sanguíneos nas primeiras etapas depois da transplantação, o que faz com que a falta de irrigação leve a que as estruturas multicelulares do pâncreas possam receber nutrientes e oxigénio, necessários à sua sobrevivência, e exercer a sua função, a de secreção de insulina em resposta aos níveis de açúcar circulantes no sangue.

A insulina é produzida pelas células que se localizam nas estruturas multicelulares do pâncreas, as chamadas células beta-pancreáticas. Estas células são destruídas e o pâncreas deixa de produzir insulina, a hormona que controla o açúcar no sangue. Para suprimir essa falta, é-lhes administrada, por injeção subcutânea, insulina. A administração de insulina permite aos que sofrem de diabetes melhorarem a qualidade de vida, mas não representa uma cura.

O que Hugo Figueiredo descobriu é que, eliminada a proteína tirosina fosfatasa 1B (PTP1B), que existe em todas as células do corpo para regular funções celulares, os ilhéus pancreáticos formavam vasos sanguíneos de forma mais eficiente, e, por isso, funcionavam e sobreviviam melhor.

As experiências foram feitas com ratos com diabetes tipo 1 que receberam ilhéus pancreáticos de outros ratos e de dadores humanos, aos quais foi removida a proteína.