Cientistas acreditam na cura da diabetes nos próximos anos 10 de outubro de 2014 Vão acabar as múltiplas injeções diárias de insulina: a diabetes vai poder ser tratada com um implante único de células pancreáticas. Uma investigação de cientistas da Universidade de Harvard, citada pelo “DN”, mostrou que é possível fabricar industrialmente e implantar células do pâncreas, que produzem a insulina que regula os níveis de açúcar no corpo. O cientista Doug Melton começou a trabalhar numa cura para a diabetes há 23 anos, quando o seu filho foi diagnosticado com a doença. Agora, num estudo publicado hoje na revista “Cell”, Melton e a sua equipa mostraram que a diabetes pode ser tratada através de um transplante de células feitas em laboratório. O estudo, divulgado na manhã de sexta pelo “The Times”, mostrou que as células implantadas podem funcionar durante meses em ratinhos de laboratório, e já se encontra na fase final dos testes em primatas não-humanos. Nos próximos anos, já deverão haver pessoas a passar pelo tratamento. Os diabéticos em Portugal já são mais de um milhão, segundo o relatório “Diabetes: Factos e Números 2013”, sendo que é um dos países europeus com maior prevalência da doença. Nos países desenvolvidos, a doença é a quarta principal causa de morte. A diabetes de tipo 1 trata-se de uma doença auto-imune em que o corpo ataca e destrói as suas próprias células do pâncreas, que produzem insulina para regular os níveis de glicose no sangue. Sem insulina, os níveis de açúcar variam muito erraticamente, o que pode causar problemas de saúde muito graves, levando mesmo à cegueira ou a amputações. Para o evitar, os doentes com diabetes têm que proceder a várias injeções diárias da substância. Através da técnica desenvolvida por Melton, as células implantadas ficam dentro de uma cápsula porosa, que permite que a insulina produzida seja difundida para a corrente sanguínea, mas que as protege de ataques do sistema imunitário do corpo. Com este sistema, é possível produzir as células à escala industrial, sem preocupação de as adaptar à genética individual de cada paciente, pois não há risco de rejeição. A cápsula também torna fácil remover e substituir as células todas de uma vez caso estas deixem de funcionar. Melton e os colegas usaram células estaminais e células adultas reprogramadas, que depois estimularam quimicamente para que se desenvolvessem no sentido pretendido. Foi o processo de descoberta do estímulo correcto que demorou mais tempo a desenvolver, mas agora a produção destas células em grandes quantidades já é possível, o que se revela muito promissor para que a diabetes tenha cura nos próximos anos. O tratamento também será eficaz para ajudar doentes com diabetes de tipo 2. |