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Cientistas anunciam invenção de dispositivo para limpar sangue de bactérias e toxinas

16 de setembro de 2014

Cientistas norte-americanos anunciaram ter inventado um dispositivo capaz de extrair bactérias, fungos e toxinas do sangue através de um íman, uma descoberta que abre novas perspetivas de tratamento para doenças infeciosas como o ébola.

O dispositivo, que apenas foi testado em ratos, usa esferas magnéticas nanoscópicas (menos de um milésimo de milímetro) cobertas com uma proteína de sangue humano criada geneticamente, a MBL.

A proteína MBL liga-se aos agentes patogénicos e às toxinas, que podem ser extraídas do sangue através de nanopartículas magnéticas.

Uma vez limpo, o sangue é reintroduzido no organismo sem que a sua composição ou coagulação sejam modificadas.

A invenção destina-se a tratar as infeções do sangue, que afetam anualmente 18 milhões de pessoas em todo o mundo, com uma taxa de mortalidade de 30 a 50%.

Os micróbios na origem destas doenças são frequentemente resistentes aos antibióticos.

Se o aparelho se revelar eficaz nos testes em humanos poderá permitir «limpar fisicamente o sangue, retirando uma grande variedade de agentes patogénicos ou toxinas», disse Donald Ingber, um dos autores da investigação, publicada na revista “Nature Medicine”.

De acordo com a “Lusa”, o cientista acrescentou que o tratamento poderia ser realizado «mesmo antes de o agente patogénico ser formalmente identificado e de o tratamento com a antibiótico ideal ser escolhido».

O investigador admitiu ainda a possibilidade de um dia o dispositivo «ser útil» no tratamento do ébola, na medida em que a proteína MBL é capaz de se ligar com o vírus na origem desta febre hemorrágica.

A proteína poderia ainda ligar-se ao VIH e ao vírus de Marburgo, na origem de uma outra febre hemorrágica muito semelhante ao ébola.

Durante a investigação, os cientistas infetaram ratos com duas bactérias – a staphylococcus aureus e a escherichia coli – e conseguiram retirar 90% das bactérias com esta invenção.

Ingber reconheceu que ainda serão necessários vários anos de experiências com animais maiores e com humanos, antes que o aparelho possa ser aprovado.