De acordo com um estudo realizado por cientistas da Universidade de Ciências da Saúde de Utah, publicados na revista da especialidade Nature Structural and Molecular Biology, foi criada uma versão minimalista e híbrida de insulina, a partir da hormona humana e de um caracol marinho, que pode vir a melhorar o tratamento da diabetes.
Os cientistas verificaram que a insulina venenosa destas espécies de caracóis de cone que vivem nos recifes de corais, como a “Conus geographus”, libertam na água um tipo de insulina que causa choque hipoglicémico, inibindo os movimentos das suas presas. Este tipo de insulina tem muitos traços bioquímicos em comum com a insulina humana.
Por isso testaram a insulina híbrida em ratazanas, que os investigadores chamam de mini-insulina, esta e interagiu com os recetores de insulina com o mesmo vigor com que faz a insulina humana.
A diferença é que a insulina híbrida atua mais rapidamente do que a administrada pelas bombas de insulina, dispositivos eletrónicos que libertam pequenas quantidades de insulina durante o dia conforme as necessidades dos doentes diabéticos insulinodependentes.
Segundo Helena Safavi, uma das coautoras do estudo, uma insulina que atue mais rápido poderá diminuir o risco de hiperglicemia (concentrações elevadas de açúcar no sangue) e outras complicações sérias da diabetes, assim como pode melhorar o desempenho das bombas de insulina e de dispositivos que reproduzem o funcionamento do pâncreas na monitorização dos níveis de glucose no sangue.
Contudo, a equipa de cientistas descobriu que a insulina do caracol de cone tem falta de um componente que leva a que a insulina humana possa estar armazenada no pâncreas antes de ser libertada no organismo. Em contrapartida, a insulina do caracol de cone está pronta para trabalhar no organismo quase imediatamente.
Para produzirem a insulina híbrida, os investigadores usaram técnicas de biologia e de química para isolar quatro aminoácidos que ajudam a insulina do caracol de cone a ligar-se ao recetor humano de insulina. Versões modificadas destes aminoácidos foram integradas numa versão modificada da molécula de insulina humana.
“Com poucas substituições estratégicas, gerámos uma estrutura molecular de insulina potente e rápida, e a mais pequena até à data”, explicou Danny Hung-Chieh Chou, um dos cientistas do estudo, acrescentando que as dimensões moleculares da insulina híbrida permitem que possa ser facilmente sintetizada e tornar-se num “primeiro candidato ao desenvolvimento de uma nova geração de terapêuticas de insulina”.