Cientistas da Universidade de Coimbra criam módulo de apoio à construção de relatórios toxicológicos para cosméticos 625

Com o propósito de apoiar a criação de perfis toxicológicos na área da cosmética, uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) desenvolveu um módulo de apoio à construção de relatórios toxicológicos de substâncias químicas.

“Esta solução, desenvolvida no âmbito do projeto Safety Desk, resultou de uma necessidade da empresa Cosmedesk, que trabalha na indústria da cosmética, concretamente no apoio à criação de perfis toxicológicos que, na maioria dos casos, ainda são construídos manualmente, através de pesquisa em várias fontes e da redação de um relatório para atestar a conformidade dos ingredientes”, explicam os responsáveis em comunicado.

“O resultado principal, que pode ser integrado na plataforma Cosmedesk, implementa uma série de técnicas responsáveis pela obtenção da informação em várias fontes oficiais, como bases de dados e relatórios anteriores, processa essa informação para obter os dados específicos a colocar no relatório e cria o texto para o mesmo, que tem sempre a validação humana no final. Além desse resultado operacional, o projeto deu origem também a duas teses de mestrado e vários artigos em conferências científicas”, revela Catarina Silva, professora do Departamento de Engenharia Informática (DEI) da FCTUC e investigadora no Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra (CISUC).

Segundo a investigadora, “através destas técnicas de natural language processing, o projeto Safety Desk consulta e interpreta diversas fontes de informação, das quais extrai apenas o conhecimento de relevo para a construção das análises toxicológicas de substâncias químicas, que garantem a segurança de muitos dos produtos usados no dia-a-dia, tais como cosméticos, biocidas ou detergentes”.

Catarina Silva considera ainda que “a implementação de um projeto de apoio à construção de relatórios toxicológicos pode ter um impacto extremamente positivo na indústria. Ao semi-automatizar o processo, a eficiência aumenta, reduzindo o tempo necessário para produzir relatórios e, ao mesmo tempo, diminuindo os custos operacionais”, assegura a docente.

Além disso, continua, “pode contribuir para a melhoria da qualidade e precisão dos relatórios, pela inclusão automática de novas fontes de informação e pela redução do erro humano, garantindo que os padrões e protocolos sejam seguidos consistentemente, o que é crucial em setores que requerem rigorosa avaliação de segurança toxicológica”, realça, concluindo que é fundamental manter o ser humano no ciclo de decisão para rever e interpretar os resultados do relatório final, assegurando uma abordagem abrangente e de confiança para a tomada de decisões críticas relacionadas com a segurança toxicológica dos produtos.

O projeto Safety Desk, liderado pela empresa Cosmedesk, contou com a colaboração do CISUC e do Instituto Pedro Nunes (IPN).