Cientistas descobrem como células cancerígenas «infetam» células normais vizinhas 29 de outubro de 2014 Um estudo liderado pela investigadora Sónia Melo, do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Porto (IPATIMUP), explica o mecanismo que pode levar as células cancerígenas a «infetar» células normais vizinhas, abrindo novas possibilidades na deteção, monitorização e tratamento do cancro. O trabalho, a que a “Lusa” teve hoje acesso, demonstra que as células tumorais têm a capacidade de transformar células normais através de exossomas (vesículas expelidas por células humanas, incluindo células tumorais). Os resultados deste estudo foram publicados no passado dia 23 na revista “Cancer Cell” e foram tema de editorial na “Nature”. Em comunicado, o IPATIMUP explica que todas as células humanas produzem nano-vesículas chamadas exossomas que contêm material característico de cada célula. Ao isolar os exossomas de sangue de doentes com cancro da mama, a equipa liderada pela investigadora Sónia Melo demonstrou que os exossomas são capazes de «infetar» as células vizinhas normais, tornando-as cancerosas. Os investigadores consideram que «este trabalho vem revolucionar a forma como entendemos a progressão do cancro e abre possibilidades novas nas áreas de deteção, monitorização e tratamento desta doença». Do ponto de vista do diagnóstico, este método também é considerado «revolucionário» porque o material é isolado através de sangue, logo é um método não-invasivo. Os cientistas não conseguiram desvendar até que distância estes exossomas podem atravessar o corpo humano, mas o estudo sugere que têm bastante mobilidade. De acordo com a investigação, este mecanismo também pode tornar mais agressivas as células cancerígenas próximas. O trabalho publicado foi desenvolvido pela investigadora durante o seu período de pós-doutoramento nos Estados Unidos, na Harvard Medical School, em Boston, e mais recentemente no MD Anderson Cancer Center, em Houston. Sónia Melo iniciou o seu percurso de investigadora no IPATIMUP, ao qual regressou este ano na qualidade de investigadora principal. Sónia Melo encontra-se neste momento a desenvolver o seu trabalho de investigação centrado na aplicação dos exossomas como uma forma de detetar e monitorizar o cancro. |