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Cientistas identificam mecanismo que desliga função de sono e permite acordar

05 de Agosto de 2016

Um grupo de cientistas identificou o mecanismo que desliga os neurónios com a função do sono e permite acordar, afirmou ontem um investigador português que participou no estudo.

«Neste estudo identificamos o mecanismo pelo qual a dopamina atua nestes neurónios de forma a desligar a função do sono e acordarmos», avançou à agência “Lusa” Diogo Pimentel, da Universidade de Oxford.

Os resultados da investigação, publicados na Nature, integram a descrição de dois mecanismos distintos «para a dopamina acordar, um num espaço de tempo relativamente curto, se alguém acordar com um ruído forte, [situação em que] vê o que se passa» e volta a adormecer imediatamente, outra quando é necessário acordar e manter-se acordado por um período de tempo mais longo.

«Ai entra a identificação da proteína sandman [o equivalente ao João Pestana em português] que descrevemos e que cria uma interrupção do sono mais ou menos permanente [o que] leva [à situação] de estarmos acordados de uma forma mais persistente», relatou Diogo Pimentel.

A função deste gene estudada pelo grupo liderado por Gero Miesenböck, através de moscas, era desconhecida, referiu, mas a partir de agora sabe-se que «tem a função de desligar os neurónios que comandam o sono».

«É uma proteína ou canal iónico e se o retirarmos das células que comandam o sono as moscas passam a dormir mais de 20 horas por dia», resumiu Diogo Pimentel.

O investigador português da área das neurociências apontou que um mecanismo ainda não identificado faria o reverso.

«Durante o dia, quando estamos acordados, alguma coisa faz voltar a ativar estes neurónios e podermos voltar a dormir», explicou.

Assim, «se conseguirmos descobrir agora quais os sinais internos no cérebro que voltam a reverter este processo, estamos um passo mais perto de descobrir porque é que precisamos de dormir», apontou o cientista.

O ponto de partida para este trabalho foi perceber a necessidade de dormir todas as noites, levando as pessoas a passar um terço da vida a dormir.

«Há um custo enorme, custa-nos o tempo, estamos desligados do mundo exterior, estamos vulneráveis, mas o motivo pelo qual precisamos de dormir continua um mistério, é aliás, um dos grandes mistérios das neurociências», disse ainda Diogo Pimentel.

O sono é regulado através de dois mecanismo independentes, o sistema circadiano, através do qual o corpo se sincroniza com o ritmo do dia e da noite, predispondo-se a estar acordado com a luz e a dormir com a escuridão, e o sistema homeostático, sensível à atividade desenvolvida durante o dia e ao momento em que é necessário descansar.