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Cientistas identificam no cérebro ligação entre stress e doenças cardiovasculares

12 de janeiro de 2017

Cientistas acreditam ter descoberto como o stress faz aumentar o risco de doenças cardiovasculares, concentrando-se numa zona do cérebro associada ao comportamento e às emoções, segundo um estudo publicado ontem na revista especializada “Lancet”.

 

Os investigadores descobriram uma ligação entre a atividade nas amígdalas cerebelosas, localizadas no sistema límbico, e um risco aumentado de desenvolver doenças cardiovasculares.

 

Já se sabia que esta zona do cérebro é mais ativa em pessoas com perturbações como stress pós-traumático, mas nas conclusões do estudo avança-se que as amígdalas ordenam à medula óssea a produção de mais glóbulos brancos, que depois de libertados no sangue provocam a inflamação das artérias.

 

Será esse processo que aumenta o risco de ataques cardíacos, angina de peito, insuficiência cardíaca, acidentes vasculares cerebrais ou doença periférica arterial, sugerem, salientando que é precisa mais investigação para sustentar esta hipótese, uma vez que o estudo foi feito num universo reduzido de pessoas.

 

Os cientistas já sabiam que as amígdalas cerebelosas são mais ativas em pessoas que sofrem de stress pós-traumático, ansiedade ou depressão.

 

Durante o estudo, que durou vários anos, 293 pessoas foram acompanhadas com exames regulares para ver se desenvolviam problemas cardiovasculares e 22 delas tiveram-nos.

 

Em 13 das pessoas acompanhadas, que já tinham stres pós-traumático, foi identificada atividade elevada nas amígdalas e o aumento de produção de uma proteína que indica inflamações no corpo.

 

Com as conclusões do estudo, os autores esperam conseguir tratar melhor o risco cardiovascular associado ao stress.

 

«Eventualmente, o stress crónico poderá ser considerado um grande fator de risco nas doenças cardiovasculares, monitorizado e tratado como outros fatores importantes», declarou Ahmed Wwakol, médico e académico da universidade de Harvard, citou a “Lusa”.

 

A holandesa Ilze Bot, da universidade de Leiden, notou que «na última década, cada vez mais pessoas sofrem cronicamente stress psicossocial diário», com «cargas horárias elevadas, insegurança laboral ou pobreza», o que pode levar a depressões.