Cientistas portugueses testam material para cultivar células cardíacas substitutas após enfarte 680

Cientistas portugueses testam material para cultivar células cardíacas substitutas após enfarte

04-Fev-2014

Investigadores portugueses encontraram um material de origem natural que funciona como suporte de células cardíacas, colocadas no coração para substituir outras danificadas por enfarte do miocárdio, e que sobrevivem sem estímulo elétrico.

Ana Martins, cientista do Grupo 3B’s (Biomateriais, Biodegradáveis, Biomiméticos) da Universidade do Minho apresentou hoje à agência “Lusa” os resultados do trabalho que estudou a aplicação de um material natural para aplicações cardíacas, desenvolvido em colaboração com a Universidade da Columbia, nos EUA.

«A ideia é colocar um material com células no sítio que está danificado [por enfarte do miocárdio] e recuperar aquele tecido», especificou a investigadora. «Desenvolvemos um material à base de quitosano, um material natural, com carbono, com o objetivo de cultivar células cardíacas para que elas sobrevivessem pelo maior tempo possível», disse Ana Martins, acrescentando que se «concluiu que as células de rato, após terem sido cultivadas neste material, foram capazes de sobreviver por 14 dias sem estímulo elétrico».

O trabalho agora publicado na Biomacromolecules, provou também que o material desenvolvido não é tóxico. Os investigadores extraíram células cardíacas de rato, depois cultivadas in vitro. Com o novo material, «sem dar qualquer estímulo elétrico, vimos que são capazes de sobreviver», explicou Ana Martins.

O próximo passo é testar o material e o procedimento num modelo in vivo de enfarte do miocárdio», acrescentou, citada pela “Lusa”.

O coração tem uma particularidade relativamente a outros órgãos relacionada com o facto de as suas células terem de contrair, para permitir o batimento cardíaco, e de passar corrente elétrica.

Assim, o material que vai receber e consolidar as células «tem de ser ao mesmo tempo resistente e elástico, conduzir a corrente elétrica, e não ser tóxico» disse a investigadora, realçando que «reunir essas condições todas é difícil».

Depois de testar vários materiais condutivos, o melhor resultado foi obtido com o carbono, que foi junto ao quitosano, que é habitualmente extraído de cascas de crustáceos, como o caranguejo.