Coimbra: Estudo admite novos tratamentos para artrite reumatoide 550

21 de Janeiro de 2015

Uma investigação desenvolvida no Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) e na Faculdade de Medicina de Coimbra «abre portas para novos tratamentos para a artrite reumatoide», anunciou hoje a Universidade daquela cidade.

Uma equipa de investigadores do CNC e da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) descobriu que «as células do sistema imunitário T CD8», produzidas pelo Timo (“órgão linfoide situado junto ao coração”) para defender o organismo de infeções, «estão alteradas na artrite reumatoide», afirma a UC, numa nota hoje divulgada.

Essas células são «responsáveis pela manutenção da doença, quer ao nível sanguíneo quer ao nível das articulações».

Nesta doença crónica, as T CD8 «perdem a tolerância imunológica e destroem as células erradas, ou seja, matam as células boas da articulação», revelou a investigação.

O estudo foi realizado primeiro em modelos animais e posteriormente em humanos, designadamente em «96 doentes com artrite reumatoide, seguidos no Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC)», sob direção do catedrático da FMUC José António Pereira da Silva.

A equipa de investigadores verificou ainda, nas experiências com modelos ratinhos, que, retirando as T CD8 do sistema, os animais «apresentavam melhorias muito significativas».

Estes resultados «abrem portas para o desenvolvimento de novos alvos terapêuticos com o foco nestas células que estão a matar as células erradas porque perderam a capacidade de distinguir o que é estranho daquilo que faz parte do organismo», sustenta Helena Carvalheiro, primeira autora do artigo científico feito a este propósito e já publicado no “Arthritis & Rheumatology”, «jornal internacional de referência da área».

A artrite reumatoide provoca a «destruição das articulações e invalidez progressiva» e a procura de novas respostas clínicas «continua a ser um objetivo nuclear, apesar dos notáveis progressos registados já na última década», sublinhou o especialista da FMUC José António Pereira da Silva.

Financiada pela ação Marie-Curie (bolsas atribuídas pela União Europeia) e por um laboratório de indústria farmacêutica, a pesquisa vai agora focar-se em «selecionar as vias moleculares intracelulares das T CD8, que podem ser modificadas geneticamente» com fins terapêuticos.

«Vamos avaliar como funcionam os sinais dentro destas células, através da análise genética, identificar os que estão alterados e proceder à sua reparação para que todas as peças da máquina voltem a funcionar em favor do doente», explicitou Helena Carvalheiro.