Comissão de candidatura garante que Porto «não tem falhas graves» para acolher EMA 692

Comissão de candidatura garante que Porto «não tem falhas graves» para acolher EMA

 


06 de outubro de 2017

O representante da Câmara do Porto na comissão da candidatura nacional para acolher a sede da Agência do Medicamento, Eurico Castro Alves, garantiu que a cidade «não tem falhas graves» para receber a instituição, mas apenas «questões técnicas».

«Para já temos uma coisa garantida. Tecnicamente o Porto pode acolher a agência, não tem falhas graves», afirmou à “Lusa” em resposta à análise feita pela EMA às propostas apresentadas por 19 países e que foi conhecida na terça-feira.

No relatório, disponível na página oficial da EMA, a agência diz ter feito uma análise «minuciosa» das várias propostas apresentadas e que devem assegurar que esta se mantenha operacional e capaz de cumprir a sua missão após a deslocalização, sendo fatores cruciais a acessibilidade para delegados e as instalações.

Segundo «comentários técnicos» da EMA às propostas feitas pelos estados-membros, há vários critérios em que as três hipóteses de localização no Porto «não respondem aos requisitos e, portanto, não garante a continuidade do negócio», desde logo no “lay-out” (disposição), instalações ou plano de deslocalização para o Palácio Atlântico.

Neste mesmo ponto, diz a EMA que «a capacidade para 1.300 postos de trabalho não está assegurada», algo que Eurico Castro Alves contesta.

«Não é verdade isso. Isso vai tudo ser esclarecido terça-feira numa conferência de imprensa» no Porto, adiantou.

O responsável contestou que tal relatório seja desfavorável à cidade do Porto, frisando que «o Porto, em termos técnicos, é mais do que elegível, preenche todos os requisitos» e que estão em causa «questões que vão ser resolvidas numa apresentação» a ser feita na próxima semana e onde será dado a conhecer «um estudo de uma consultora internacional que mostra que essas questões estão mais resolvidas».

Para Castro Alves, ex-presidente do INFARMED e antigo secretário de Estado da Saúde, que já integrou o Grupo dos Chefes das Agências do Medicamento no Espaço Económico e Europeu, «o importante era chegar a este ponto» em que «o Porto preenche os requisitos mínimos para ser nomeado».

«Agora há uma coisa bem mais difícil que é a votação dos países da União Europeia. Nós, enquanto portugueses, compete-nos cada um dar o seu melhor no sentido de divulgar, esclarecer os equívocos», referiu, assinalando que «o que vai ditar são os votos dos 26 países da União Europeia e aí entram os jogos diplomáticos (…) dos diversos países, dos apoios recíproco».

O sumário da EMA dá também nota negativa a alguns itens das propostas de deslocalização para o Palácio das Artes ou para as novas instalações na avenida Camilo Castelo Branco, por, entre outros, não estarem contempladas na proposta indicações sobre segurança ou equipamento para conferências e faltar um plano para a remoção física da agência.

Noutro nível de critérios, relativos à cidade do Porto, que a EMA considera «essenciais» para assegurar que a agência continue operacional após a deslocalização, é assinalada a «fraca conectividade de voos para outras capitais do espaço económico europeu», bem como que «a oferta depende consideravelmente de uma ponte aérea via Lisboa que aumenta significativamente o tempo de viagem».

Já pelo lado positivo, é assinalada a «excelente disponibilidade, frequência e duração das conexões via transporte público entre o aeroporto e as três propostas de localização» da futura EMA no Porto e ainda a «elevada qualidade e quantidade de alojamento disponível a curta distância».

A EMA diz esperar que esta informação seja «útil aos estados-membros quando decidirem sobre a nova cidade anfitriã [da agência] e que seja assegurado que a agência estará completamente operacional durante e após a sua deslocalização».

O Conselho de Ministros decidiu a 13 de julho candidatar a cidade do Porto para acolher a sede da Agência Europeia de Medicamentos.

Além do Porto, concorrem à relocalização da EMA (que conta atualmente com 890 trabalhadores e recebe anualmente visitas de cerca de 35 mil representantes da indústria) outras 18 cidades europeias: Amesterdão, Atenas, Barcelona, Bona, Bratislava, Bruxelas, Bucareste, Copenhaga, Dublin, Estocolmo, Helsínquia, Lille, Malta, Milão, Sofia, Varsóvia, Viena e Zagreb.