Comissão de Saúde aprova texto final sobre utilização da canábis para fins medicinais 638

Comissão de Saúde aprova texto final sobre utilização da canábis para fins medicinais

 


01 de junho de 2018

A Comissão de Saúde aprovou o texto final do projeto-lei sobre utilização da canábis para fins medicinais, que reforça o papel do INFARMED e introduz a possibilidade de o laboratório militar contribuir para a produção destes medicamentos.

«Pela forma como decorreram as votações não há razão nenhuma para que o projeto na sua versão final não venha a ser aprovado», afirmou aos jornalistas o coordenador do grupo de trabalho sobre a canábis, Moisés Ferreira, no final de uma reunião da comissão parlamentar de Saúde, onde o texto final passou com os votos a favor do PS, BE e PSD e a abstenção do PCP e CDS-PP e será debatido em plenário.

Segundo Moisés Ferreira, do Bloco de Esquerda, o texto aprovado diz que cabe apenas ao médico prescrever medicamentos, preparações e substâncias à base da planta da canábis, em que são consideradas preparações que vão desde os óleos até à flor desidratada.

«A ser aprovada esta versão final, quer dizer que os clínicos vão poder prescrever canábis nas suas várias formas e preparações para fins medicinais mediante receita», sublinhou.

As alterações introduzidas reforçam o papel do INFARMED, autoridade do medicamento, na «regulação, introdução de medicamentos e outros produtos» e introduzem a possibilidade de o Laboratório Militar poder contribuir para a produção destes medicamentos, preparações e substâncias, disse Moisés Ferreira.

Há uma introdução que foi feita pelo PSD que diz que a prescrição de medicamentos ou preparações à base de canábis só pode acontecer se outros medicamentos convencionais tiverem efeitos adversos ou não tiverem os efeitos que era suposto ter, uma proposta que o BE votou contra, mas que foi aprovada pelo PSD, PCP E CDS.

«Votámos contra porque consideramos que não cabe à lei limitar a decisão clínica», explicou o deputado bloquista.

«Acreditamos que ainda assim, com esta disposição da qual discordamos, uma versão final que diga claramente que a canábis pode ser utilizada para fins medicinais é uma boa versão e era um passo necessário. Certamente que os clínicos depois farão a avaliação caso a caso, patologia a patologia, paciente a paciente e decidirão em conformidade com a sua decisão clínica», sustentou.

O BE substituiu o seu projeto inicial retirando a questão do autocultivo. «Sempre dissemos que para nós era uma questão de acessibilidade, mas se estava a criar ruído na discussão e se poderia inviabilizar o projeto, o retiraríamos porque o que era central era legalizar a canábis para fins medicinais», salientou Moisés Ferreira.

A questão da planta poder ser comercializada ou não, é uma questão de definição, disse ainda, explicando que o projeto do BE já não previa que a planta viva fosse comercializada em farmácia.