Comissário Europeu: Diabetes é problema especial para Portugal 07 de Abril de 2016 O comissário europeu da Saúde e Segurança Alimentar considera que a diabetes é uma preocupação para a Europa, mas especialmente para países como Portugal, onde a mortalidade provocada por esta doença é quase o dobro da média da União Europeia. Vytenis Andriukaitis, que quinta-feira participa em Lisboa nas celebrações do Dia Mundial da Saúde, disse à agência “Lusa”, numa entrevista por escrito, que a diabetes é «uma preocupação» para todos os europeus. «Com 24% dos adultos a sofrerem de obesidade e 59% em situação de excesso de peso, não é de admirar que Portugal tenha uma das taxas mais elevadas de diabetes da UE e que a mortalidade provocada pela diabetes seja quase o dobro da média da União Europeia (UE)», afirmou. Para o comissário, «estes números constituem motivo de grande preocupação, uma vez que têm um impacto negativo não só no bem-estar físico e na qualidade de vida dos doentes, como colocam também uma forte pressão sobre o sistema de saúde de Portugal». Vytenis Andriukaitis recordou que, «em muitos casos, a doença pode ser evitada. A experiência demonstrou que simples alterações do estilo de vida podem ser eficazes para prevenir ou atrasar o início da diabetes de tipo 2. A manutenção de um peso normal, exercício físico regular e um regime alimentar saudável são exemplos dessas alterações». O comissário disse ainda acreditar que, «concentrando-se agora na prevenção, Portugal pode reduzir no futuro as taxas de doenças crónicas e os custos associados para o sistema de saúde». Questionado sobre o eventual impacto da crise que atingiu a Europa no agravamento dos hábitos alimentares e, consequentemente, o aumento da diabetes, o comissário confirmou que «os hábitos alimentares têm vindo a deteriorar-se claramente, como o demonstra o facto de, em 2008, uma em cada quatro crianças entre os seis e os nove anos sofrer de excesso de peso ou ser obesa e, em 2010, este número ter subido para uma em cada três crianças». «Apesar de nada permitir relacionar o aumento das taxas de obesidade e da diabetes com a crise económica, é preocupante verificar que os alimentos com elevado teor de açúcar e de gorduras trans são frequentemente a opção mais barata», acrescentou. Sobre medidas em vigor em países como o Reino Unido, onde foi introduzido um «imposto sobre o açúcar», o comissário, disse que «a tributação é, naturalmente, da competência nacional». «Enquanto Comissário responsável pela Saúde, estou logicamente a favor de qualquer medida que conduza a estilos de vida mais saudáveis e reduza o fardo das doenças crónicas, tais como a diabetes de tipo 2», prosseguiu. Para Vytenis Andriukaitis, «a luta contra os fatores de risco associados à diabetes exige uma abordagem multifacetada». «Precisamos de educação sobre a forma de nos mantermos, e às nossas famílias, saudáveis e de prevenir a doença. Na realidade, os alimentos saudáveis cozinhados de forma caseira são muitas vezes mais baratos do que alimentos embalados. Precisamos igualmente de informações claras sobre os ingredientes e o valor nutritivo dos alimentos que consumimos. Por último, é necessário transformar a escolha saudável na opção fácil», disse. Para o Dia Mundial da Saúde, o comissário apela a um trabalho em conjunto: «Aprender uns com os outros e desenvolver estratégias comuns para pôr em prática estes conhecimentos. Precisamos de todos os países da União Europeia e das partes interessadas de todos os setores — saúde, educação, investigação, agricultura, entre outros -, de modo a alcançar este objetivo». «A taxa crescente da diabetes exige claramente mais esforços de prevenção. A experiência demonstrou que simples alterações do estilo de vida podem ser eficazes para prevenir ou atrasar o início da diabetes de tipo 2. Estas alterações incluem a manutenção de um peso normal, exercício físico regular e hábitos alimentares saudáveis». O comissário Andriukaitis defende uma «mudança radical que permita passar do tratamento de doenças para a promoção de uma boa saúde e temos de começar pelos nossos cidadãos mais jovens». |