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Composto químico pode ser eficaz no tratamento de leucemia frequente em crianças

16 de dezembro de 2016

Investigadores do Instituto de Medicina Molecular (iMM) de Lisboa descobriram que um composto químico a ser testado no tratamento de um determinado cancro pode ser igualmente eficaz no combate contra um outro cancro, uma leucemia frequente em crianças.

O composto, com a designação técnica de CX-4945, está a ser testado, em ensaios clínicos, no tratamento do mieloma múltiplo (cancro da medula óssea).

A equipa liderada pelo cientista Bruno Silva-Santos descobriu que o uso deste composto pode ser eficaz no tratamento da leucemia linfoblástica aguda de linfócitos T, um cancro do sangue agressivo e frequente em crianças.

Os linfócitos T são um grupo de glóbulos brancos, células do sangue responsáveis pela defesa do organismo contra agentes agressores.

No caso da leucemia linfoblástica aguda de linfócitos T, os linfócitos T geram, eles próprios, cancro.

O CX-4945 compromete o funcionamento de uma proteína-cinase, a CK2, que, segundo Bruno Silva-Santos, é um «determinante fulcral» para a sobrevivência dos linfócitos T.

Na leucemia linfoblástica aguda de linfócitos T, estas células, em particular um subtipo, as gama-delta, estão «muito dependentes» da proteína CK2.

O que o composto CX-4945 faz é matar os linfócitos T saudáveis, ao impedir o funcionamento da CK2, mas também os “maus”, os que geram a doença.

Nesse sentido, o CX-4945 pode «ser muito útil para as leucemias das crianças», sustentou à “Lusa” Bruno Silva-Santos, assinalando que a molécula pode ser um alvo «potencial para uma nova terapia» contra a leucemia linfoblástica aguda de linfócitos T.

O composto químico foi testado, no estudo, em amostras de células de crianças com leucemia linfoblástica aguda de linfócitos T e em células saudáveis do timo (glândula localizada por cima do coração e responsável pela produção de linfócitos T) – estas últimas também de crianças, que tiveram de ser operadas ao coração e às quais foi retirada parte do timo.

Posteriormente, o CX-4945 foi injetado num ratinho com o mesmo tipo de leucemia, tendo o grupo de cientistas conseguido «impedir o crescimento» da doença.

O estudo, no qual participou a equipa do investigador do iMM João Taborda Barata, é publicado hoje na revista científica “Leukemia”.