Congresso Mundial de Farmacêuticos de Língua Portuguesa: «Resistência antimicrobiana é um dos mais sérios desafios» 845

O Presidente da República de Cabo Verde considerou hoje a resistência antimicrobiana como «um dos mais sérios desafios» atuais e que «tem acarretado muito sofrimento e consumido recursos muito elevados».

Jorge Carlos Fonseca falava durante a sessão inaugural do XIII Congresso Mundial de Farmacêuticos de Língua Portuguesa que decorre na cidade da Praia, em Cabo Verde.

Para o chefe de Estado, entre os temas de grande atualidade que merecem a atenção dos profissionais de saúde, a resistência antimicrobiana é um assunto «que vem preocupando de forma muito particular os profissionais de saúde, os decisores políticos e os cidadãos».

«Estou certo de que serão propostos caminhos no sentido de se concretizar as propostas da Organização Mundial de Saúde (OMS) para se fazer face à resistência antimicrobiana, especialmente no que se refere à racionalidade dos sistemas de saúde, nomeadamente no que toca ao acesso aos medicamentos essenciais, ao reforço da vigilância laboratorial, à prevenção e controlo de infeções, bem como à utilização adequada dos medicamentos na pecuária», disse.

De acordo com a agência “Lusa”, o Presidente da República cabo-verdiano, que realizou neste evento a sua primeira intervenção formal após ter assumido a presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), recordou que em grande parte desses países «parcelas significativas de populações não têm acesso a medicamentos essenciais e outras atividades relacionadas com os cuidados básicos de saúde».

Geralmente, prosseguiu, «essa realidade é um indicador das condições de saúde que prevalecem, o que, a par de outras limitações, pode configurar um quadro de exclusão social».

«Infelizmente, esta situação conduz a práticas muito nocivas, como a automedicação e o comércio ilegal e perigoso de medicamentos», lamentou.
Para o chefe de Estado, esta realidade «apenas pode ser alterada definitivamente no âmbito de mudanças essenciais de todo o sistema ou mesmo de políticas sociais mais abrangentes».

Igualmente presente nesta sessão inaugural, o ministro da Saúde e da Segurança Social de Cabo Verde, Arlindo do Rosário, referiu os avanços da integração dos farmacêuticos no sistema de saúde e deixou um aviso: «É preciso abandonar as culturas corporativas exacerbadas».

«Cabo Verde é um país de rendimento médio baixo, mas está no conjunto dos países com melhores sistemas de saúde», indicadores que em parte se devem aos farmacêuticos, disse.

A presidente da Associação dos Farmacêuticos dos Países de Língua Portuguesa e bastonária da Ordem dos Farmacêuticos cabo-verdianos, Maria da Luz Leite, sublinhou a importância destes profissionais, essenciais para evitar as «consequências gravíssimas» da automedicação, os efeitos adversos e o desperdício.

Maria da Luz Leite defendeu «um maior investimento do Estado no reforço das competências dos farmacêuticos».

O congresso, que decorre até sexta-feira, reúne dezenas de farmacêuticos dos países de língua portuguesa e tem como tema “O farmacêutico nos sistemas de saúde”.