Conheça os quatro investigadores eleitos em Portugal membros da EMBO 485

A Organização Europeia de Biologia Molecular (EMBO), que celebra este ano o seu 60.º aniversário, anunciou, hoje, que concedeu a honra vitalícia de Membro da EMBO a quatro investigadores em Portugal.

Com a eleição destes quatro investigadores, a EMBO reconhece, como explicado em comunicado, a importância das suas contribuições científicas e o impacto do seu trabalho na área das ciências da vida.

Apresentamos de seguida os investigadores.

Megan Carey, Líder de grupo no Programa de Neurociências da Fundação Champalimaud

Foi pioneira, como explicado no comunicado, na utilização da análise comportamental quantitativa para revelar princípios funcionais dos circuitos neuronais. “Estabeleceu um quadro quantitativo para estudar a coordenação locomotora no ratinho e utilizou-o para identificar contribuições cerebelares específicas a este comportamento complexo do corpo inteiro. Ao nível dos circuitos, o seu trabalho elucidou os mecanismos de aprendizagem associativa e a sua modulação pelo estado comportamental”.

Mais recentemente, utilizou ferramentas modernas de dissecação de circuitos genéticos para “responder a questões fundamentais de longa data sobre os papéis relativos da plasticidade no córtex e nos núcleos cerebelares no apoio à aprendizagem comportamental”.

O seu trabalho é uma ponte entre várias disciplinas, recorrendo a abordagens da neurociência de sistemas e circuitos, da genética e da engenharia.

Mónica Sousa, Líder do grupo de Regeneração Nervosa, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde

O grupo de Regeneração Nervosa está interessado em caracterizar “vias que controlam o crescimento do axónio durante o desenvolvimento e a regeneração do axónio após lesão e doença”. O grupo da cientista tem um foco especial “na organização, dinâmica e transporte do citoesqueleto axonal, reunindo modelos de roedores in vitro e in vivo, incluindo o modelo de lesão da medula espinhal”.

Uma descoberta recente foi, conforme salientado no comunicado, “a identificação do rato-espinhoso como o único mamífero conhecido por regenerar espontaneamente a medula espinhal após secção completa”.

A investigadora pretende agora identificar os tipos celulares e os elementos moleculares que permitem a progressão e reversão da cicatrização.

Ricardo Henriques, Líder do grupo de investigação em microscopia de super-resolução no Instituto Gulbenkian de Ciência

O seu grupo de investigação desenvolve tecnologias de imagem de ponta para visualizar estruturas celulares e virais com uma resolução sem precedentes. Ao avançar na microscopia de super-resolução, procuram “desvendar detalhes intricados da sinalização celular, imunologia de células T e infeção viral. A filosofia central do laboratório é a reprodutibilidade, transparência e promover a investigação de código aberto para assegurar a ampla acessibilidade dos seus avanços tecnológicos à comunidade científica de biologia celular e biomédica”.

Ao longo dos anos, a equipa fez contribuições significativas para a microscopia de super-resolução, “criando métodos analíticos amplamente utilizados que permitem a imagem e análise precisas de estruturas biológicas. Os seus algoritmos de código aberto levaram a descobertas inovadoras em biologia celular e biomedicina, capacitando investigadores em todo o mundo.

Atualmente, continua a avançar na investigação na “interseção da tecnologia de imagem, aprendizagem profunda e biologia celular, desenvolvendo ferramentas e métodos inovadores para obter novas perceções sobre processos fundamentais da vida e contribuir tanto para a investigação básica como para aplicações biomédicas”.

Rui Oliveira, Investigador em biologia comportamental e neurociências no Instituto Gulbenkian de Ciência e Professor no Ispa – Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida

O seu principal interesse de investigação reside na compreensão dos mecanismos responsáveis pelo comportamento social e pela sua evolução, utilizando uma abordagem que integra desde moléculas, a circuitos neurais e ao comportamento.

A sua equipa procura, deste modo, descobrir como os organismos se tornaram sociais, estudando os mecanismos cognitivos, neurais e genéticos subjacentes à socialidade e como o ambiente social molda o cérebro e o comportamento, impactando a função geral e as doenças.

Uma das suas principais conquistas é, segundo o comunicado, “o estabelecimento do peixe-zebra como organismo modelo na neurociência social. Descobriram que o peixe-zebra não nasce social; a socialidade desenvolve-se cedo na vida, com a ocitocina a desempenhar um papel crucial durante um período crítico de desenvolvimento. Também descobriram que os fenótipos sociais resultam de interações gene-ambiente, onde peixes-zebra com défices sociais devido a alterações genéticas podem recuperar ao serem criados com pares que têm traços sociais e genéticos normais. O seu trabalho estabeleceu o peixe-zebra como um animal modelo chave para estudar os mecanismos moleculares da socialidade tanto na saúde como na doença”.

 

O que é a EMBO

É uma organização internacional de mais de 2000 cientistas na Europa e em todo o mundo, empenhada em criar um ambiente de investigação na Europa onde os cientistas possam realizar o seu melhor trabalho. Para além destes investigadores, foram eleitos este ano 96 outros membros da EMBO e 20 membros associados.

Os novos membros têm como principais missões apoiar outros investigadores em todas as fases das suas carreiras, estimular a troca de conhecimento científico e ajudar a construir um ambiente de investigação onde os cientistas possam alcançar os melhores resultados do seu trabalho.