A Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) está a investigar em conjunto com a Direcção-Geral da Saúde, o crescimento do consumo de analgésicos opióides, que duplicou nos últimos oito anos.
Entre 2010 e 2018, o consumo de medicamentos analgésicos opióides cresceu mais do que o dobro. No ano passado, consumiram-se 3,685 milhões de embalagens destes fármacos mais fortes para o alívio da dor, quando em 2010 tinham sido dispensadas 1,532 milhões de embalagens, o que reflete um crescimento de 141%. Em 2018 voltou a existir um aumento de 7,4%, ou seja, mais 255 mil embalagens do que em 2017.
Este tipo de fármacos são desde há muito utilizados no nosso país, principalmente no tratamento de doentes com cancro ou doenças degenerativas em que os analgésicos comuns não aliviam a dor.
Mas este não é um problema só do nosso país. Nos EUA, este ano, um tribunal norte-americano condenou a farmacêutica Johnson & Johnson a pagar 515 milhões de euros ao estado de Oklahoma pela responsabilidade na crise dos opióides, que se calcula terem causado milhares de mortes, entre 1999 e 2017. Entretanto outras farmacêuticas aceitaram fazer acordos extrajudiciais. A decisão do tribunal norte-americano é vista como um precedente que pode fazer com que outros estados dos EUA reclamem indemnizações às empresas acusadas de terem promovido de forma agressiva o consumo destes medicamentos.