Consumo de tranquilizantes com receita junto dos jovens é maior em Portugal do que na Europa 665

Consumo de tranquilizantes com receita junto dos jovens é maior em Portugal do que na Europa

21 de Setembro de 2016

Os jovens portugueses consomem mais tranquilizantes com receita médica do que os do resto da Europa, respetivamente 13% e 8%, sendo o segundo país com maior percentagem destes consumos, segundo o “European School Survey Project a on Alcohol and other Drugs (ESPAD)”, apresentado ontem.

 

«Este é um resultado que para nós acaba por ser algo que nos motiva preocupação. Temos a noção clara de que é uma área em que temos que melhorar», disse o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, aos jornalistas, à margem da apresentação do relatório.

 

O governante adiantou que está já a ser estudado, em conjugação com os médicos de família e todos os profissionais dos cuidados de saúde primários, este novo fenómeno e soluções possíveis para o problema.

 

«Temos que perceber que tipo de jovens são estes que estão a obter estes sedativos através de receitas medicas, para que patologias, e encontrar mecanismos diferentes para responder às suas necessidades», afirmou.

 

Citando os “bons exemplos” de países do norte da Europa, Fernando Araújo adiantou que «há formas alternativas de encontrar boas respostas para a depressão e ansiedade» e que a tutela está «empenhada em encontrar um plano para esse fim», citou a “Lusa”.

 

Afastando a possibilidade de haver ligeireza por parte dos médicos na prescrição dos medicamentos, Fernando Araújo afirmou ter «a certeza absoluta que quando um médico prescreve é conhecendo esses doentes e achando que essa é a melhor alternativa para aquela situação».

 

«Temos que discutir com os médicos alternativas não farmacológicas que conseguem obter resultados iguais ou melhores, que outros países estão a usar, como encontrar e integrar psicólogos e nutricionistas nos cuidados de saúde primários», acrescentou.

 

No mesmo sentido, João Goulão, diretor do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), considerou que o «abuso da medicação prescrita exige atenção redobrada, um outro olhar para a questão, perceber que mecanismos subjazem a esse abusos, perceber se há alternativas e se os médicos prescritores poderão deitar mão a alternativas terapêuticas que não passem necessariamente pelo uso de substâncias psicoativas».

 

Quanto aos outros resultados do estudo, que apontam para uma melhoria da situação nacional a nível de consumo de álcool, tabaco e drogas, João Goulão defendeu que «as coisas têm corrido de uma forma geral bastante bem», salvaguardando que não é um problema resolvido, mas uma tendência positiva.

 

O estudo revela que nos últimos quatro anos o consumo de álcool e tabaco entre jovens até aos 16 anos tem vindo a diminuir na Europa, com Portugal a situar-se abaixo da média europeia, mas ainda assim com consumos elevados de bebidas alcoólicas e perceção de fácil acesso ao tabaco mas sobretudo ao álcool.