A falta de farmacêuticos nas farmácias hospitalares continua a ser uma realidade, alertou ontem a bastonária da OF na cerimónia de tomada de posse para o novo mandato. A ministra da saúde admitiu a necessidade de mais contratações.
«Tem havido frequentes notas recentes a propósito dessa necessidade, é um processo no qual estamos empenhados e de que não desistiremos até estar concluído», referiu a ministra, Marta Temido no final da cerimónia da tomada de posse de Ana Paula Martins, que formalizou no Centro Cultural de Belém o arranque do seu segundo e último mandato, avança notícia do “Diário de Notícias”.
No seu discurso na sessão, Ana Paula Martins deixou mensagens relativas à falta de farmacêuticos nas farmácias hospitalares, e também em relação às dificuldades económicas de algumas farmácias.
Às questões levantadas pela bastonária a ministra respondeu com o reconhecimento da necessidade de reforço de pessoal nas farmácias hospitalares do SNS e considerou que o aprovisionamento do Orçamento do Estado para 2019 com verbas para reforço de recursos humanos, no entanto recordou que o SNS não são só farmacêuticos e alertou que o «grande desafio é encontrar a combinação virtuosa» entre as necessidades do SNS e os «meios limitados» que tem disponíveis.
«É uma combinação que temos que fazer com muita prudência, muita ponderação e o envolvimento de todos», realçou a ministra. Ana Paula Martins reconheceu «passos em frente» dados pelo Ministério da Saúde, autorizando contratações que, no entanto, continuam por concretizar, dependentes da autorização do Ministério das Finanças, referiu a fonte mencionando o discurso da cerimónia.
«A questão que se coloca é sempre a mesma. Cada vez que chegamos ao que chamamos a zona vermelha, a zona limite, mesmo que haja a vontade dos agentes políticos para solucionar a questão, estas questões depois não se solucionam do dia para a noite. É para isso que temos vindo a alertar. Há muito tempo que atingimos essa linha vermelha. A devolução das 35 horas ia acrescentar a estas profissões que trabalham por turnos problemas adicionais aos que já existiam e esses problemas, tanto quanto sabemos, mantêm-se», disse Ana Paula Martins.
A bastonária sublinhou os alertas por parte da OF em relação a esta situação, mais complicada a norte do país, onde os serviços noturnos poderão não ser assegurados e lembrou que brevemente a Ordem será ouvida na Assembleia da República, tendo Ana Paula Martins avançando que se fará acompanhar dos diretores de serviço da região norte para «clarificar a situação» que «continua com muitas dificuldades em termos de recursos humanos».
Ana Paula Martins referiu o caso do Hospital de São João, no Porto, para o qual a ministra já autorizou a contratação de quatro farmacêuticos, processo que ainda não se concluiu.
A bastonária dos farmacêuticos referiu ainda a situação das farmácias hospitalares de venda ao público, recordando a não concordância da Ordem: «Não há nenhuma razão sólida para manter farmácias abertas ao público nos hospitais», explicou a bastonária. Se a opção for o «regresso ao passado», disse Ana Paula Martins, terá que ser encontrado um novo compromisso.
«A Ordem dos Farmacêuticos entende que é muito mais sustentável para os portugueses e para o SNS estudarmos um processo para darmos a medicação de urgência para as primeiras 12 horas aos doentes que vão à urgência e nesse contexto não faz sentido termos as 2.992 farmácias pelo país inteiro em regimes de turno e disponibilidade. Encontramos uma solução em conjunto. Se esse for o entendimento teremos que rever o modelo de atendimento noturno em todo o país», concluiu.