A Convenção Nacional de Saúde (CNS) divulgou um comunicado a chamar a “atenção do Governo e das autoridades de saúde de Portugal para a necessidade urgente de acudirmos a todos os portugueses que necessitam de cuidados de saúde urgentes e imediatos e que não podem ser esquecidos”, e para tal, é necessário implementar um plano de emergência para retomar progressivamente toda a atividade assistencial de saúde.
A CNS indica que antes da pandemia de covid-19, “havia 50 mil portugueses a aguardar cirurgias e mais de 240 mil portugueses a necessitar, há longo tempo, de consultas de especialidade hospitalar”, assim como “as doenças do aparelho circulatório, as doenças cancerígenas, as doenças do aparelho respiratório, a diabetes e as perturbações mentais e de comportamento estão nas causas destas mortes”.
No mês de março, observou-se “uma quebra abrupta no diagnóstico, acompanhamento e tratamento de outras doenças e tal é muitíssimo importante, tendo em conta as necessidades de cuidados de saúde dos portugueses e o grave risco do agravamento da sua situação”.
“De facto, os episódios de emergência caíram 45%, a grande maioria das consultas externas e das cirurgias não urgentes foram adiadas. Houve uma redução de 95% dos exames de imagiologia e uma paragem quase total dos exames de gastroenterologia e de cardiologia”, indica a nota divulgada.
Posto isto, é necessário fazer algo para “tratar e ajudar os doentes portadores destas doenças”, pois senão iremos enfrentar um cenário pós-pandemia com “consequências dramáticas para muitos doentes e suas famílias”, já para não falar do “custo evitável em termos de sofrimento e vidas humanas”.
Sendo assim, “a Convenção Nacional de Saúde propõe a ativação de um plano de emergência para retoma da atividade assistencial a todos os cidadãos portadores de doenças cuja letalidade é elevada em Portugal”.
“Será muito importante que o sistema se adapte às necessidades e circunstâncias em que vivemos e, tal passa, por exemplo, pela generalização de teleconsultas sempre e quando tal for possível, bem como pela adoção de medidas que permitam que os cidadãos tenham acesso à medicação sem terem de se deslocar aos hospitais quando tal não for fundamental. Para a realização de exames de diagnósticos, cirurgias e outros atos clínicos que exijam o contacto presencial dos doentes com os profissionais de saúde, o plano de emergência deve prever que todo o sistema de saúde – Serviço Nacional de Saúde, privados e setor social – possa ser envolvido para garantir a maior cobertura”, explica a CNS.
A Convenção Nacional de Saúde termina deixando o alerta de que o “tratamento imediato não pode ser adiado”, e que não se pode “permitir que as curvas de outras doenças aumentem, nomeadamente as doenças crónicas como as cardiovasculares, a diabetes ou doença oncológica”.