O ministro dos Negócios Estrangeiros revelou esta manhã que o grupo de europeus que deveria ter partido ontem de Wuhan, incluindo os portugueses, está retido naquela cidade porque falta autorização da China para a saída. O avião que deveria ter partido quinta-feira de Wuhan ainda nem saiu de Paris e foi dada ordem aos portugueses, naquela cidade chinesa, para ficarem em casa, revelou o ‘Público’.
“Esta é uma operação complexa no quadro da concertação europeia e depois há outra coordenação ainda mais complexa, com as autoridades chinesas. Estando a cidade [de Wuhan] de quarentena, estes cidadãos só podem sair com autorização das autoridades de saúde pública e administrativas da China.
Essa autorização ainda está em curso e só com essa autorização é que nós podemos dar a operação como bem-sucedida e respirar de alívio”, revelou Augusto Santos Silva, em declarações à ‘Antena 1’.
Há, no entanto, dois pesos e duas medidas. Segundo a edição online do ‘El País’ um avião com 19 espanhóis que se encontravam em Wuhan descolou às 9h30 (hora em Wuhan) desta sexta-feira de manhã. O avião, onde estão também cidadãos britânicos, noruegueses e dinamarqueses, foi fretado pelo Reino Unido. Tem prevista uma paragem em Londres, onde deixará os cidadãos britânicos, e seguirá para Madrid, onde deverão desembarcar quer os espanhóis quer os cidadãos da Dinamarca e da Noruega. Uma vez na capital espanhola ficarão durante 14 dias, no Hospital Central de la Defensa Gómez Ulla, afirma o diário espanhol.
Todos os que embarcaram esta manhã passaram por mais do que uma vez por um controlo de temperatura ainda em território chinês e nenhum apresentava febre.
A China informou nesta sexta-feira que o número de mortos por causa do novo coronavírus de Wuhan subiu para 213 e o de pessoas infetadas para 9692.
Os números anunciados dizem respeito às últimas 24 horas e representam mais 43 mortos e quase mais dois mil casos de infeção em relação aos últimos dados avançados pelas autoridades chinesas. A grande maioria dos casos ocorreu na província de Hubei e na sua capital, Wuhan, o epicentro do surto.
Segundo o relatório diário da Comissão Nacional de Saúde, atualizado às 4h (20h de quinta-feira em Lisboa), o número de pacientes em estado grave é de 1527, enquanto 171 pessoas já receberam alta.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) opôs-se ontem à restrição de viagens, apesar de o surto do novo coronavírus na China ter sido considerado ontem uma emergência de saúde pública internacional.
“A OMS não recomenda a restrição de viagens, trocas comerciais e movimentos [de pessoas] e opõe-se mesmo a todas as restrições de viagens”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em conferência de imprensa, na sede da organização, em Genebra, Suíça.
Justificando a declaração de emergência de saúde pública internacional, decidida pela organização, o diretor-geral da OMS disse que a “grande preocupação é a possibilidade de o vírus se propagar a países onde os sistemas de saúde são mais frágeis”.