Correia de Campos: Necessário investimento do Estado para diminuir número de infeções 26 de Outubro de 2016 A Comissão de Meios de Diagnóstico in Vitro da APIFARMA apresentou ontem, na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, o estudo “Infecções Associadas a Cuidados de Saúde (IACS): Contributo da Indústria de Meios de Diagnóstico in Vitro para o seu controlo”. O estudo, coordenado por António Correia de Campos, indica que o Estado tem que assumir uma postura pró-ativa se pretende obter resultados rápidos e mensuráveis de combate às infeções. Os autores do estudo defendem que «se o Estado parar o investimento – material, intelectual e organizacional – a infecção progredirá ou pelo menos não recuará como podia e devia». Correia de Campos referiu que «as recomendações do Conselho de Ministros da UE, de 2016, implicam que todos os Estados-membros reforcem os planos de luta contra a infeção e, para reduzir as Resistências aos Antimicrobianos, se invista na tecnologia dos testes rápidos», lê-se num comunicado enviado pela APIFARMA. Essa é uma das conclusões do estudo que refere a necessidade de conduzir, dentro do Serviço Nacional de Saúde (SNS), uma visão estratégica e de médio-prazo sobre o investimento em inovação tecnológica nos meios de diagnóstico e terapêutica; o planeamento antecipado da tecnologia, a recolha constante de informação e a comparabilidade de resultados. O relatório reúne um conjunto de recomendações que, segundo os autores, «a estratégia de combate às IACS não pode ignorar». Das 12 medidas propostas salienta-se o aprofundamento do conhecimento de tudo o que respeita à IACS: clínico, organizativo, social e económico, nomeadamente através de estudos que permitam conhecer em profundidade a dimensão do problema em Portugal. O documento identifica a urgência de aperfeiçoar a logística interna do hospital de modo a encurtar os períodos de tempo despendido entre a terapêutica empírica e a terapêutica dirigida. Simultaneamente, refere a necessidade de estimular o desenvolvimento de tecnologias que encurtem os tempos entre o surgimento da doença e o início do seu tratamento dirigido, particularmente através de técnicas de diagnóstico rápido, como os dispositivos in vitro. O documento prossegue reforçando que este não é um problema exclusivo do espaço hospitalar e por isso destaca a necessidade de monitorizar as unidades de cuidados continuados a idosos e cidadãos em situação de dependência. Portugal foi o país europeu que apresentou uma prevalência de IACS mais elevada, superior à esperada, tendo em conta o case-mix e as características dos hospitais, com uma taxa de prevalência global de IACS de 10,6%, praticamente o dobro da média dos restantes países europeus. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, em 2050, morrerão, todos os anos, 390 mil pessoas na Europa e 10 milhões no mundo vítimas de uma IACS, facto que levou esta organização a classificar este fenómeno como um problema de Saúde Pública à escala global. |