Costa admite inabilidade mas diz que «decisão do Governo é que o INFARMED vá para o Porto»
07 de dezembro de 2017 O primeiro-ministro admitiu ontem que o Governo foi inábil na forma de comunicação da transferência do INFARMED, mas afirmou que «a decisão do Governo» é que a Autoridade Nacional do Medicamento «vá para o Porto». O tema ocupou grande parte do debate na Assembleia da República entre o líder parlamentar do PSD e António Costa, com Hugo Soares a colocar repetidamente a questão se o INFARMED irá ou não para o Porto, depois de a diretora do instituto ter afirmado publicamente que o ministro da Saúde lhe dera conta que se tratava de «uma intenção». «Vou repetir o que o ministro da Saúde disse várias vezes: a decisão do Governo é que o INFARMED vá para o Porto, a decisão do Governo é que o INFARMED vá para o Porto. Está claro agora, estamos entendidos?», afirmou António Costa, citado pela “Lusa”. O primeiro-ministro admitiu, contudo, que o Governo foi «inábil» e errou em ter comunicado essa decisão «antes de falar com o conselho de administração, antes de tranquilizar os funcionários e, porventura, antes de ter desenvolvido e concretizado melhor o plano de transferência» de Lisboa para o Porto. «Há bastantes meses que o ministro da Saúde tinha falado comigo sobre este objetivo no quadro da candidatura à Agência Europeia do Medicamento, pareceu-me uma ideia correta, positiva, de desconcentração de serviços e coerente quanto à capacidade do Porto para acolher a agência europeia do medicamento (EMA)», afirmou o primeiro-ministro, desafiando o PSD a dizer se não concorda com esta transferência. Na resposta, Hugo Soares lamentou «a ligeireza da decisão» e considerou que as pessoas do Porto e do Norte «não precisam deste tipo de esmolas». «Estas matérias deviam ser pensadas, deviam ser estudadas (…) Ninguém percebeu se a sua decisão vai ter uma consequência ou não», afirmou, lembrando que o PS recusou a proposta do PSD de realizar uma comissão eventual sobre a descentralização. O primeiro-ministro negou que esta transferência possa ser entendida como «uma esmola» dizendo corresponder a «uma visão mais ampla» e que já passou pela devolução dos transportes públicos do Porto à Autoridade Metropolitana e pela instalação da coleção Miró no Porto. Quanto à acusação do PSD de que o Governo tinha sido habilidoso, António Costa respondeu de forma irónica: «Se há coisa que manifestamente tem de reconhecer é que, se o Governo é habilidoso, o ministro foi muito inábil, fomos mesmo inábeis na forma como apresentámos uma decisão que é boa». |